Jogada no olho do furacão pela atual crise política, a indústria da propaganda enfrentou os desafios com sobriedade e não se furtou a fazer uma análise de sua própria atuação. Prova disso é que a palavra ética centralizou as atenções no Encontro Nacional de Anunciantes 2005, ocorrido na semana passada. Promovido pela Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), o evento reuniu a nata da publicidade do País e contou com a participação da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap). Além de funcionar como caixa de ressonância dos grandes temas do setor, o encontro homenageia pessoas que tenham contribuído para a comunicação brasileira com o Prêmio Libertae. “A homenagem vale também para a McCann, que não sentiu o efeito da crise política e espera crescer 15% em 2005”, afirmou Jens Olesen, presidente da agência McCann-Erickson para a América Latina e o Caribe e ganhador do Libertae deste ano. Também foram premiadas 12 agências de publicidade, vencedoras do Prêmio Aliança, que presta homenagem às empresas que tenham longo relacionamento com os clientes.

O presidente da ABA, Orlando Lopes, ressaltou a maturidade das instituições democráticas, mas admitiu que os últimos acontecimentos acabaram afetando indiretamente o mercado de publicidade. “A crise deixa o consumidor mais cauteloso. Mesmo com a produtividade crescendo, sentimos que há uma pequena retração, ainda que bem menor do que em outras crises. O que aconteceu foi absurdo, pontual e não pode comprometer todo um setor”, completou. O presidente da Abap, Dalton Pastore, lamentou o fato de que pela primeira vez uma empresa de propaganda esteve envolvida com tamanha intensidade em escândalos de corrupção. Segundo ele, uma agência de publicidade não funciona dessa maneira, e não serve para encobrir negócios ilegais. “Estamos superando o momento. Afinal, somos nós que subsidiamos o direito à informação. E é isso que proporciona independência”, assegurou.