i48959.jpgMercúrio é o deus mensageiro na mitologia grega e diz a lenda que com asas nas sandálias e no capacete ele era capaz de voar mais rápido que um raio. Essa é a história que inspirou os astrônomos a batizarem com seu nome o planeta que, em nosso sistema, cumpre com maior rapidez a sua trajetória em torno do Sol: Mercúrio se move a 173 mil quilômetros por hora. Ele é o menor planeta do Sistema Solar e também o mais enigmático, tanto assim que tem uma sonda espacial exclusiva para explorá-lo. Foi dessa forma, entre um registro e outro, que a sonda americana Messenger, orbitando Mercúrio, enviou na semana passada imagens para a Agência Nacional Americana (Nasa) revelando informações surpreendentes. A primeira descoberta: Mercúrio está encolhendo. Mais: o campo magnético do planeta tornou- se extremamente forte com vulcões incandescentes. Na composição de sua atmosfera (grande mistério até então) foram encontradas moléculas de água. O encolhimento do planeta é um fenômeno causado pela fase de "bombardeio pesado", na definição de astrofísicos: significa que Mercúrio sofreu constantes colisões com asteróides e cometas e isso levou seu núcleo a resfriar-se, provocando a contração. O que mais intriga os cientistas é a proporção desse resfriamento. O planeta diminuiu um quilômetro e meio em seu diâmetro – está agora com 4.879 quilômetros. "Esse dado indica que a contração total é pelo menos um terço maior do que se imaginava", diz Sean Solomon, pesquisador da sonda Messenger.
Segundo os astrônomos, após esse período de intenso bombardeio, correntes de lava se sedimentaram nas camadas superiores do solo de Mercúrio. Quando o planeta esfriou, essas mesmas camadas racharam e ajudaram a construir o seu atual relevo, formado por planícies intercaladas de escarpas e muitos vulcões. Quanto ao forte magnetismo, agora se sabe que Mercúrio possui um campo (nos pólos Norte e Sul) semelhante ao da Terra. Ao contrário do que se pensava, o núcleo do planeta ainda não terminou o seu processo de resfriamento, ou seja, ainda está em processo de transformação geológica – e essa transformação está definindo a amplitude do campo magnético. "É como se tivéssemos feito a primeira perícia em Mercúrio. E, como em todo trabalho de perícia, foi possível desvendar um pouco do que estava encoberto pelo véu escuro da galáxia", diz o cientista Thomas Zurbuchen.

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