i48987.jpgO bicho-papão está pegando. Na semana passada, a Academia Americana de Pediatria decidiu adotar medidas agressivas no combate ao colesterol infantil. Os médicos temem, no futuro, uma explosão de casos de infarto e diabete por causa do crescimento da obesidade e das taxas de colesterol em crianças. Por isso, decidiram que os exames de sangue para dosar o colesterol devem começar mais cedo e ser feitos com mais regularidade – antes dos dez anos para quem tem parentes próximos com colesterol alto ou teve infarto em idade precoce (leia quadro acima). Se o resultado for normal, o exame pode ser repetido a cada três ou cinco anos.

Outra diretriz divulgada no mesmo pacote está causando muita polêmica: a redução do limite de idade de dez para oito anos para receitar estatinas, os medicamentos usados para do- mar o LDL, a parte ruim do colesterol. O remédio é indicado quando a fração atinge 190 mg por decilitro de sangue e a criança tem parentes com problemas cardíacos antes dos 55 anos. Uma parte dos médicos acha que isso pode ser arriscado. "Apesar de haver remédios aprovados para essa idade, não existem estudos mostrando se os riscos compensam os benefícios a longo prazo", argumenta Paulo Solberg, da Sociedade Brasileira de Pediatria, no Rio de Janeiro. Para ele, o correto é insistir no ajuste do estilo de vida. Já o médico Durval Damiani, do Instituto da Criança de São Paulo, usa estatina em casos extremos. "Há crianças com taxas tão altas que se não forem medicadas terão infarto antes dos 20 anos", alerta.

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Os pais precisam ficar mais atentos às taxas de gordura no exame de sangue dos rebentos. A carioca Ana Salgado, por exemplo, descobriu que o caçula Eduardo, de 12 anos, tinha o problema por causa de um incidente com a filha mais velha, Isabella, de 16 anos. "Há seis anos, ela desmaiou e fizemos exames. Entre outras coisas, o colesterol estava alto. Desconfiei que ele podia ter também. Bingo: era 240. Com dieta e visitas à pediatra Fernanda Barbosa, está em 180. Se fizesse exercícios, seria ainda menor", diz ela.