Em engenhoso esquema de fraudes que lembra o escândalo dos gafanhotos, descoberto em 2003 em Roraima, foi desmontado na prefeitura tucana de Cotia (Grande São Paulo). Uma empresa mista – a Procotia – passou a terceirizar a contratação de servidores, que tinham dois salários: um real, que chegava até a R$ 22 mil, e um fictício, geralmente entre R$ 200 e R$ 300. Os trabalhadores, claro, recebiam os valores menores, que eram registrados em suas carteiras de trabalho. Foram desviados nesse esquema pelo menos R$ 30 milhões em verbas federais que deveriam ser utilizadas em saúde e educação. A denúncia foi feita por ISTOÉ na edição 1855, de 4 de maio.

Após investigações da chamada Operação Raposa, a Polícia Federal cumpriu, na quarta-feira 28, 11 mandados de busca e apreensão na casa de suspeitos de participar da quadrilha. Foram presos os secretários de Administração e Planejamento, Erick Iasi Pedroso, o de Finanças, Edson Gomes, e Álvaro Pedroso, irmão do prefeito de Cotia, Joaquim Horácio Pedroso Neto (PSDB). Os três tinham dólares em seu poder sem comprovação de origem. Edson Gomes estava com US$ 113 mil, Erick com US$ 17 mil e o irmão do prefeito com US$ 25 mil. A maracutaia veio à tona a partir de uma denúncia de Isabel Mantovani, auxiliar de serviços gerais, que recebia R$ 600 ao mês e constatou que seus depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) eram feitos sobre um salário de R$ 2,7 mil. O vereador Toninho Kalunga (PT) também descobriu casos como o de Francisco Moraes, que tinha um salário de R$ 280 e chegou a receber R$ 15,8 mil ao mês.