No dia 22 de junho até agora, as capas de ISTOÉ cuidaram prioritariamente de um só assunto: a crise política brasileira. Foram 14 edições que contribuíram para destrinchar, denunciar e explicar ao leitor o imbróglio em que o atual governo se meteu e nos meteu. Nestes quase cinco meses de crise, a imagem do político brasileiro veio despencando deploravelmente. A Nação experimentou, no início, sentimentos de perplexidade e decepção. Depois vieram a raiva e a incredulidade em relação à punição dos envolvidos cuja culpabilidade fosse provada. Havia o temor de que tudo acabasse em pizza. Com a cassação do hoje ex-deputado Roberto Jefferson e com as renúncias de Valdemar Costa Neto e, na última semana, de Severino Cavalcanti – a Nação clama para que eles sejam os primeiros de uma série –, pode-se dizer que a impunidade não faz parte das prerrogativas da vida política. O novo endereço de Maluf e seu filho, hóspedes da Polícia Federal em São Paulo, também contribui para essa sensação.

Mesmo assim, a classe política não tem contribuído para melhorar sua desgastada imagem. E, uma vez mais, a semana foi pródiga em eventos negativos protagonizados por seus integrantes. Como se viu e ouviu durante a sessão conjunta das CPIs dos Correios e do Mensalão que teve o banqueiro Daniel Dantas como convidado. A fartura de impropérios trocados por parlamentares que deixaram de lado o banqueiro para se digladiar parecia obra de um profissional de marketing imbuído da maligna missão de jogar na lama o que resta de respeitabilidade no Congresso. Bom para Dantas. Ruim para o Congresso.

Hoje, o sentimento geral é de profundo tédio, enjôo e aborrecimento. ISTOÉ, assim como a Nação, está farta de tudo isso. A capa desta semana quebra a rotina. E fala de felicidade. Felicidade, apesar de tudo. Mas, assim como a Nação, ISTOÉ continuará atenta, vigilante e implacável. Sejamos felizes.