Como o Brasil, parceiro no Mercosul, o vizinho Paraguai vive dias agitados. O presidente Nicanor Duarte Frutos, do Partido Colorado, vem enfrentando manifestações crescentes, principalmente depois que vários escândalos de corrupção vieram à tona. Em decorrência desses problemas, o governo perdeu a maioria no Senado. E o pior: há um mês, uma alma aprisionada – com nome, identidade e voto, muito voto – tem tirado o sono de Nicanor. Trata-se do general Lino César Oviedo, ex-comandante do Exército, condenado a dez anos de reclusão por suposta tentativa de golpe em 1996. Há um mês, o juiz do Fórum Civil Andrés Casati declarou extinto esse processo contra Oviedo. Se a Corte Suprema ratificar essa decisão, o general pode ser colocado em liberdade a qualquer momento.

“A permanência dele na prisão é uma questão política, e não mais jurídica”, garante
o senador Enrique González Quintana, líder da Unace, partido de Oviedo. Juristas paraguaios de expressão, mesmo sem serem oviedistas, como Osvaldo Granada Salaverry, concordam com o parlamentar e têm dito que o maior delito praticado por Oviedo é ser uma pedra no caminho do Partido Colorado, que governa o país há quase 60 anos.

As noites maldormidas de Nicanor Duarte têm sua razão de ser. Além de estar próximo da liberdade, Oviedo aparece nas pesquisas eleitorais como o político mais bem conceituado do Paraguai, com 30,8% de aceitação, segundo pesquisa do Gabinete de Estudios de Opinión (GEO). Um ventilado projeto de reeleição de Nicanor é rechaçado por 75,8% da população. E, para 44,01% dos paraguaios, seu governo vai mal. Na sexta-feira 24, aniversário de 62 anos do ex-comandante, cinco mil pessoas se reuniram em frente ao quartel de Viñas Cué para pedir sua liberdade.