Não se sabe ainda o montante exato de recursos enviados ilegalmente ao Exterior pelo ex-prefeito paulistano Paulo Maluf. O doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, encarregado de dezenas dessas operações, estima que US$ 161 milhões (R$ 368 milhões, em valores atuais) circularam em contas nos Estados Unidos em nome da família Maluf. O promotor público de São Paulo Sílvio Marques contabiliza uma movimentação de US$ 446 milhões (R$ 1 bilhão) na Suíça.

Agora, surgem indícios de outras operações que ainda não teriam sido detectadas pelas autoridades. ISTOÉ teve acesso a um CD com informações secretas sobre cerca de 18 mil registros de remessas ilegais feitas por igrejas, empresários e políticos, entre as quais 28 repasses para a conta número 12335, do Multicomercial Bank, de Genebra, na Suíça, com uma senha: “Cita para Rubi.” Eles totalizaram US$ 3,5 milhões (R$ 8,1 milhões). Segundo um doleiro ouvido por ISTOÉ, que se mantém no anonimato, essa via foi utilizada para abastecer a famosa conta Red Rubi (Rubi Vermelho), aberta na Suíça em 1985, e depois transferida para a Ilha de Jersey em janeiro de 1997. Somava US$ 200 milhões.

Das 28 operações descobertas, 19 teriam sido feitas entre novembro de 1993 e junho de 1994, em nome de Cláudio Belo Angeli, totalizando US$ 2,6 milhões. Outras nove ocorreram em 1993, somando US$ 899 mil, e o encarregado teria sido o doleiro Dario Messer, o mesmo apontado agora por Toninho da Barcelona, em depoimento à CPI dos Correios, dos Bingos e do Mensalão, como um suposto operador de contas do PT. As 28 remessas teriam sido feitas pela Disk Line Câmbio e Turismo, que tem sede em São Paulo, por meio de operações de dólar cabo (dólar paralelo em que o valor em real é transferido eletronicamente para o Exterior). Além de Dario Messer, também fizeram operações pela Disk Line os doleiros Toninho da Barcelona e Hélio Laniado, da operadora Split de Campinas (SP), preso em agosto na Eslováquia. Os documentos sobre as remessas já estão sendo investigados pelo Ministério Público de São Paulo.

E Maluf, preso na Polícia Federal com o filho Flávio desde o dia 10, teve negado pelo Superior Tribunal de Justiça mais um pedido de habeas-corpus para que responda ao processo em liberdade.