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“AS TRÊS GRAÇAS”,
de Lucas Cranach: o Louvre (abaixo) precisa pagar 4 milhões de euros

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Três jovens nuas em um fundo preto. Usam como adorno apenas grossos colares vermelhos, sendo que uma delas, a do centro, também ostenta um chapéu. Trata-se de uma pintura muito pequena, do tamanho de uma folha A4, mas que vale uma fortuna (4 milhões de euros) e está gerando polêmica na França. Tudo porque o Museu do Louvre, de Paris, em uma iniciativa inédita em seus 217 anos de história, está clamando para que a população doe dinheiro para a compra da obra, a fim de evitar que ela saia do país.

Pintada em 1531 pelo artista alemão Lucas Cranach, o Velho, “As Três Graças” pertence a um colecionador francês desde 1932 e nunca foi exibida em público. Foi considerada tesouro nacional em julho, por causa de sua excelente conservação e raridade, pois, das cinco mil obras do artista, estima-se que restem apenas mil. A expectativa do presidente do Louvre, Henri Loyrette, é que ela se torne uma das principais atrações do museu mais visitado do mundo – 8,5 milhões de pessoas por ano. Os organizadores da campanha conseguiram 3 milhões de euros junto a empresas. Mas estão apelando para a generosidade dos amantes da arte para completar o outro milhão. “Precisamos de um esforço para que essa pintura faça parte da coleção nacional francesa”, disse Loyrette.

A campanha foi lançada no sábado dia 13 e vem gerando controvérsias. Contribuintes criticam o fato de o governo francês não custear a aquisição da obra de arte, já que o Louvre é financiado pelos impostos. O Louvre tem até 31 de janeiro para completar o montante. O valor pode ser deduzido em até 66% no Imposto de Renda e os nomes dos mecenas serão divulgados pelo museu.

Apesar da polêmica, esse tipo de movimento é comum em outros países. A Tate Gallery, em Londres, por exemplo, arrecadou, em 2008, 6,7 milhões de euros para adquirir um desenho de Rubens, “A Apoteose de Jaime I”. E a National Gallery, também em Londres, conseguiu juntar 58,7 milhões de euros em seis meses de doações para comprar “Diana e Acteon”, de Ticiano, em 2009. “Qualquer estratégia é válida para que o país não perca uma obra importante”, afirma o curador do Museu de Arte de São Paulo (Masp), Teixeira Coelho. Ele lembra que, recentemente, o Brasil sofreu duas grandes baixas. Desde 1995, a tela “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, está no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba). E a coleção de Adolpho Leirner de arte construtiva foi parar no Museum of Fine Arts de Houston, nos Estados Unidos, em 2007.

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