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“Queremos atrair gente inquieta com as grandes questões humanas”
Marcelo Gleiser, astrofísico

 

Há 50 milhões de americanos vivendo nas zonas rurais dos EUA. Apesar de não terem acesso a museus de ciência, eles compartilham com seus compatriotas urbanos a inquietação com as grandes questões da humanidade. Querem saber se um dia venceremos a morte, se chegaremos a Marte ou que mistérios ainda há para desvendar nos nossos oceanos. Um projeto para ajudar esse povo a obter respostas acaba de ganhar um incentivo de US$ 2,5 milhões, doados pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA. Um dos homens por trás da ideia premiada é o professor de física e astronomia da Dartmouth College, escritor, roteirista e apresentador de tevê Marcelo Gleiser.

Ao lado do professor de matemática Daniel Rockmore, o brasileiro desenvolveu um sistema que leva o ensino científico para as bibliotecas instaladas nos rincões da América. O projeto é baseado na produção de documentários em vídeo. Antes da projeção, os interessados recebem uma lista com livros a respeito dos assuntos a ser discutidos. Por fim, em uma data acertada pelo bibliotecário, um cientista treinado pelos criadores do programa ensina, discute e estimula os interessados. Os vídeos ficarão prontos em 18 meses e começarão a ser exibidos em dez bibliotecas. Em quatro anos, uma centena delas deverá ser atendida. “Alcançamos o objetivo com a combinação de dois fatores: levar o ensino científico até as zonas rurais e usar as bibliotecas como centros de discussão para esse tipo de atividade”, diz Gleiser por telefone.

O projeto junta assuntos que despertam grandes dúvidas e espana deles qualquer poeira acadêmica. Serão quatro temas: como a ciência nos ajuda a superar nossos limites, a imortalidade, a vida nos extremos do planeta e como podemos controlar os recursos naturais na Terra e em outros planetas. São temas com potencial de complexidade que beira o infinito. E é aí que aparece um dos talentos de Gleiser: a capacidade de domesticar assuntos áridos e ajudar os leigos a transpor a linha que os separa dos iniciados.

O projeto seria aplicável no Brasil? Gleiser diz que sim, mas depois de adaptações. “Suspeito que a situação das bibliotecas nas zonas rurais brasileiras seja lamentável. É preciso que os prédios tenham computadores, projetores e conexão em alta velocidade com a internet.” Mas há uma chance de que, apesar de eventuais carências estruturais, o projeto e seu idealizador – que trabalha nos EUA desde o início dos anos 1990 – venham para o País. “Estou estudando a hipótese de passar parte do ano no Brasil”, afirma o cientista.

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