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Os líderes do G20 se comprometeram nesta sexta-feira (12) em Seul a evitar "desvalorizações competitivas" de suas moedas e a "fortalecer a cooperação multilateral" para reduzir os desequilíbrios globais, em uma tentativa de conter a "guerra cambial" que opõe especialmente Estados Unidos e China e que afeta o comércio mundial.
No "Plano de Ação de Seul", incluído no comunicado final do encontro de países desenvolvidos e emergentes, o G20 destaca que se moverá no sentido de um "sistema de taxas de câmbio mais determinado pelo mercado" e que os países devem "abster-se de desvalorizações competitivas de moedas".
"As economias avançadas, incluindo aquelas com moedas de reserva, permanecerão vigilantes à volatilidade excessiva e aos movimentos desordenados das taxas de câmbio. Estas ações ajudarão a reduzir o risco de excessiva volatilidade nos fluxos de capital que alguns países emergentes enfrentam", afirma o texto.
A quinta reunião de cúpula do grupo, consolidado em novembro de 2008 em Washington, em pleno auge da crise financeira internacional, teve como pano de fundo duras trocas de acusações, principalmente entre China e Estados Unidos, pelas políticas monetárias que desvalorizaram a cotação de suas moedas.
Os países da América Latina, com o Brasil à frente, fizeram apelos veementes para que os Estados evitem medidas unilaterais nas economias centrais que provoquem fluxos descontrolados de capitais na direção dos países em desenvolvimento, já que estes valorizam suas moedas e geram riscos de bolhas especulativas.

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"Não existem mais decisões unilaterais na economia mundial, já que é preciso considerar a repercussão nas outras economias", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos outros líderes do G20, em uma reunião a portas fechadas, segundo o áudio de seu discurso.
"É importante que o G20 assuma a responsabilidade daqui para a frente (…) de coordenar melhor as ações unilaterais que os países importantes adotarem, para que estas ações se tornem multilaterais e não prejudiquem outras nações", completou.
Após dois dias de discussões, as 20 maiores economias do planeta alertaram que políticas econômicas não coordenadas podem ter consequências desastrosas para todos.
Por este motivo, o G20 se comprometeu a "fortalecer a cooperação multilateral para reduzir os desequilíbrios excessivos na economia mundial".
O grupo de países ricos e emergentes também concordou em aplicar mecanismos para manter os níveis de conta corrente em categorias sustentáveis, de acordo com critérios que serão definidos por grupos de trabalho com apoio técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os líderes também respaldaram como era esperado a reforma das cotas do FMI aprovada na semana passada pela direção do organismo, que deu a economias como China e Brasil maior peso de decisão na instituição.
Os países adotaram ainda o novo marco regulamentário "Basileia III", que exige mais fundos próprios aos bancos considerados importantes para o sistema financeiro mundial, com o objetivo de que resistam melhor a possíveis futuras crises.
A reunião do G20 tinha como objetivo maior reduzir a tensão provocada pela "guerra cambial", principalmente entre Estados Unidos e China, que acentuaram suas divergências dentro do grupo nos últimos meses.
O debate sobre as intervenções para desvalorizar as moedas e estimular as próprias exportações ficou tenso após a decisão da semana passada do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de injetar 600 bilhões de dólares no circuito financeiro.
O anúcio foi muito criticado pela China – por sua vez acusada por Washington de manter o yuan desvalorizado artificialmente -, pela Alemanha e pelo Brasil, porque fragiliza a cotação do dólar e afeta as exportações dos países citados.
Nesta sexta-feira, o presidente americano, Barack Obama, reiterou o pedido para que a China permita gradualmente ao mercado fixar o valor do yuan.
Obama destacou ainda que existe um consenso no mundo sobre o caminho a seguir para alcançar uma recuperação mundial.

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