cinemacharmeaprovadotempo1_92.jpg

 

 

 

Bruce Willis era um trintão quando saiu do seriado A gata e o rato e ganhou US$ 5 milhões, um recorde na época, para encarnar John McClane em Duro de matar. Era 1988. Ali, virou astro de filmes de ação. Ele repetiria o papel do policial em Duro de matar 2 (1990) e Duro de matar – a vingança (1995), sempre exibindo o sorriso cínico e trajando camisetas sem mangas que deixavam músculos à mostra. Durante muito tempo ninguém achou que ele voltaria a interpretar o personagem – diversas ofertas lhe foram feitas, e recusadas. Agora, aos 52 anos, ele achou que era um bom momento para reviver o tira que está sempre no lugar errado e na hora errada, em Duro de matar 4.0. É mais um dos heróis dos anos 80 a voltar aos cinemas, a exemplo do Rocky Balboa e do John Rambo de Sylvester Stallone e do Indiana Jones de Harrison Ford (leia quadro). É a prova de que, para astros como ele, a idade não chega a ser um problema.

Duro de matar 4.0, que já rendeu mais de US$ 116 milhões nos EUA, retoma a série que Willis ajudou a transformar em ícone da cultura pop. “Todos estão competindo com John McClane. Na verdade, tudo começou com ele”, declarou o diretor do filme, Les Wiseman, referindo-se a personagens como o Jason Bourne de Matt Damon ou o Ethan Hunt vivido por Tom Cruise na série Missão: impossível. “E este é o John McClane de que eu gostava quando era um menino – um herói relutante.” De fato, na essência Mc- Clane continua o mesmo. O sorriso sarcástico permanece em seu rosto, mesmo quando ele está ensangüentado. As coisas mais absurdas acontecem: o policial usa um hidrante para tombar um helicóptero, o caminhão que dirige é despedaçado por um caça. Sua língua ainda é afiada. Mas o tempo, definitivamente, passou. Depois de 12 anos, seus cabelos, que eram raros, foram raspados de vez. No lugar das camisetas regatas, ele usa um modelo de mangas longas. O rosto não esconde mais as rugas. Nada disso importa, porque Bruce Willis mostra boa forma. “Acho que os 50 anos de hoje são os 30 anos do passado, desde que você se cuide”, disse ele recentemente.

 

cinemacharmeaprovadotempo2_92.jpg

 

 

No intervalo em que Willis se dedicou a filmes menos agitados como O sexto sentido, o mundo também mudou. O terrorismo que o policial sempre combateu tornou-se uma ameaça real. E a série tinha de estar atualizada para funcionar. Em Duro de matar 4.0, o terror é virtual. John McClane é incumbido de interrogar o hacker Matt Farrell (Justin Long), e os dois quase são mortos. Passam a ser perseguidos, à medida que todas as instituições importantes dos EUA são invadidos – do FBI à Bolsa de Valores e ao sistema elétrico. A atualização pára na trama. A produção foi feita à moda antiga, ou seja, como no tempo em que a computação gráfica não podia criar um filme a partir do nada – aquela época em que John McClane nasceu.

Assim, nas seqüências em que um carro voa, ele voa mesmo – como no passado. E o ator muitas vezes está bem perto, tanto que pode se machucar. Willis levou 28 pontos devido a um corte no rosto. Nessas horas, admite, a idade pesou um pouquinho. “Não caio no chão de concreto tão bem quanto antigamente. Em alguns momentos, realmente doeu”, afirmou à Vanity Fair. Não que isso seja empecilho para um futuro Duro de Matar 5. Sua condição é que a história seja boa, tão boa quanto ele considera a atual. E o ator tem razão: com seu charme e carisma, o cinqüentão põe no chinelo jovenzinhos dispostos a trilhar o caminho do astro que já rendeu mais de US$ 3 bilhões em bilheteria e que não parece nem um pouco cansado de ser herói.