10/11/2010 - 11:52
O Ministério da Educação afirmou nesta terça-feira (9) que o erro nos cartões de respostas das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ocorreu ainda na fase de confecção dos cadernos, antes de serem enviados para impressão na gráfica RR Donnelley Moore. As informações são do Jornal Nacional.
Segundo o Ministério, a matriz entregue à gráfica foi enviada com erro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O governo federal afirmou que um funcionário do Inep acompanhou o processo de impressão, mas que na checagem ele não percebeu que os cabeçalhos dos cartões de resposta estavam invertidos. Sobre os cadernos amarelos, o Ministério disse que a checagem é feita por amostragem e que o fiscal não notou os erros porque a quantidade de provas com problema foi muito pequena, 0,3% do total.
PF nega inquérito
Em nota divulgada na noite dessa terça, a Polícia Federal informou que, em relação às provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, "não houve instauração de inquérito policial para apuração de qualquer fato relativo ao referido exame, em razão de não existirem, até o momento, informações suficientes para fundamentar a instauração".
Mais cedo, o delegado da Polícia Federal em Juazeiro (BA), Alexandre Lucena, disse que abrirá nesta quarta-feira (10) um inquérito oficial para investigar se ocorreu vazamento do tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O suposto vazamento foi denunciado por um professor de um curso preparatório de Petrolina (PE), cidade vizinha a Juazeiro, a uma emissora de TV da região. De acordo com ele, um grupo de estudantes o procurou horas antes do início das provas contando que sabiam qual era o tema da redação. Eles pediram dicas ao professor sobre o que deveriam escrever sobre trabalho e escravidão.
A redação foi aplicada no último domingo (7) e o tema era Trabalho na Construção da Dignidade Humana. Os candidatos tiveram dois textos de apoio para desenvolver o assunto: um sobre trabalho escravo contemporâneo e outro sobre o futuro do mercado de trabalho.
Nesta terça-feira (9), os agentes da PF em Juazeiro ouviram o professor e alguns estudantes para levantar informações preliminares. Os envolvidos serão ouvidos oficialmente a partir de amanhã, quando o inquérito for instaurado.
De acordo com Lucena, os relatos colhidos até o momento apontam que um grupo de pelo menos 30 estudantes tinha a informação antes da prova. Mas ele teme que o alcance do vazamento seja maior. "Se isso vazou em alguma mídia social – Twitter, Orkut – o problema se amplia muito", disse.
Correção diferenciada é suspensa
Está suspensa a publicação no site do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de um sistema que seria aberto nesta quarta-feira para que estudantes prejudicados pelo erro de impressão na folha de respostas pudessem pedir a correção diferenciada do gabarito. O Instituto Nacional dos Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) está impedido, por liminar da Justiça Federal no Ceará, que suspendeu o Enem, a dar continuidade ao processo.
A folha em que os estudantes marcaram as respostas das questões estava com o cabeçalho das provas de ciências humanas e ciências da natureza trocado. O exame teve 90 questões, sendo a metade de cada uma das áreas. Mas, na folha de marcação, as questões de 1 a 45 eram identificadas como de ciências da natureza e as de 46 a 90 como de ciências humanas, quando, na prova do último fim de semana, o caderno de provas trazia primeiro as questões de ciências humanas. O erro ocorreu em todos os cartões distribuídos aos 3,3 milhões de participantes.
Pelo site do Enem, os candidatos que não seguiram a ordem numérica das questões durante a marcação poderiam pedir a correção invertida. O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que será aberto um processo administrativo para apurar se há responsabilidade de funcionários ou dirigentes do Inep no erro da folha de respostas.
O edital previa que um representante do instituto deveria revisar o material antes da impressão. Uma das explicações para a falha é que, na edição do ano passado, a prova tinha a ordem inversa da aplicada neste ano. O mesmo arquivo poderia ter sido usado erroneamente para 2010, sem que fosse feita a inversão dos cabeçalhos.
Entenda o caso
A Justiça Federal no Ceará proibição a divulgação do gabarito do Enem depois que a juíza Karla de Almeida Miranda Maia suspendeu o concurso por liminar. A argumentação da juiza é que as falhas nas provas violaram o princípio da isonomia entre os candidatos.
No primeiro dia de prova do Enem, no sábado, dia 6, entre os erros os estudantes detectaram que o cabeçalho da folha para o gabarito das questões de ciências da natureza estava incorretamente identificado como ciências humanas, o que inviabilizava a marcação precisa das respostas no espaço destinado na prova.