A versão que o núcleo do governo está passando a seus aliados sobre a medida provisória que dá foro especial ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, é mesmo uma confissão de culpa. Segundo os articuladores políticos do presidente Lula, Meirelles talvez tenha que apresentar uma nova declaração retificadora à Receita Federal, usou mesmo dinheiro em contas de doleiros e tem boa parte de seus negócios em paraísos fiscais. Tudo isso seria motivo de sobra, na ótica petista, para que ele deixasse o governo. Mas quem entraria em seu lugar? O chamado mercado não aceitaria qualquer outro nome que não fosse intimamente ligado ao sistema financeiro. Seria uma sinalização de que o governo pode alterar a política econômica. E, no mercado financeiro, segundo a cúpula do governo, não há nenhum nome em condições de assumir o BC que não tenha operado com doleiros e com paraísos fiscais e também não tenha lá suas encrencas com o Leão. Então, já que, nesse caso, o governo está refém do mercado, o jeito foi blindar Meirelles contra ações na Justiça.