Existem datas universais que celebram e homenageiam a vida, a liberdade, as etnias, e ocasiões que recordam e reverenciam as vítimas de catástrofes históricas, sejam naturais ou causadas pelos homens.

O dia 11 de setembro é certamente uma delas, e pouca gente viva, que presenciou os fatos, “in loco” ou pela Televisão, é capaz de não se recordar – com ricos detalhes – de tudo o que ocorreu naquela manhã de verão em Nova York.

Eu estava trabalhando (em São Paulo) e, tão logo alertado sobre o primeiro avião, corri para casa. Mal sentei-me em frente à TV e assisti ao colapso da segunda torre, local onde havia estado poucos meses antes.

TERRORISMO

Qualquer morte apequena nossa condição humana. Mortes em série, então, nem se fala. Terremotos, tsunamis, enchentes e outras catástrofes naturais são quase parte da nossa existência neste planeta ainda selvagem.

Porém, guerras, genocídios, terrorismo e outras formas de violência em massa, perfeitamente evitáveis fossemos menos imbecis (como espécie), nos causam ainda mais comoção e revolta. Falo por mim, ao menos.

As mais de 3 mil vítimas fatais daquele ataque terrorista são parte de outras milhares, senão milhões, de vítimas do 11 de setembro: familiares e amigos órfãos e pessoas atingidas emocionalmente ou economicamente por todo o mundo.

CULTURA DO ÓDIO

O terror é uma chaga da humanidade ainda em curso em pleno século XXI. Se em menor intensidade e periodicidade, sobretudo no ocidente democrático, ainda faz parte da realidade de países em guerra civil e sob regimes autocráticos.

Na raíz do terrorismo, o fundamentalismo religioso e político. Nações desenvolvidas, mal ou bem, conseguem prevenir e evitar a maioria dos ataques. Porém, a forma mais eficiente de combate, a correta educação das populações, deixa muito a desejar.

A desinformação em escala e as doutrinas ideológicas em curso em alguns países, inclusive desenvolvidos e democráticos, fomentam uma teia de preconceitos e ódios contra certos povos e religiões, principalmente os Estados Unidos e os judeus.

BRASIL

Por aqui mesmo, é assustador o aumento no número de células neonazistas e antissemitas, fenômeno que se repete pelo planeta. Nunca, desde o fim da segunda guerra, os judeus foram tão perseguidos e ameaçados.

Mas não só este exemplo. No auge da pandemia do novo coronavírus, a xenofobia explodiu por todo o mundo – no Brasil também – e os chineses se tornaram alvo da fúria de ignorantes e manipulados que os culpavam pela Covid-19.

Ano passado, durante o período eleitoral – e mais ainda após a vitória do presidente Lula -, os nordestinos sofreram agressões inaceitáveis, sendo declarados “culpados” pela vitória do petista, como se tal fato fosse algo a se culpar.

PAZ MUNDIAL

Não perco meu tempo levantando bandeiras utópicas nem muito menos acreditando em Papai Noel. Contudo, talvez pela maturidade dos 50 anos, cada vez mais me interesso pelo bem-estar coletivo. Acredito que a colaboração é o único caminho para a civilização.

A paz social, ou entre as nações, depende única e exclusivamente dos povos envolvidos. E objetivos comuns, perseguidos e alcançados por sociedades colaborativas, são essenciais para o processo de “pacificação” entre e intra povos.

Desigualdade social, intolerância e outras formas de segregação precisam de contrapontos. Neste sentido, políticas públicas são fundamentais rumo à inclusão social e pluralidade. E somos nós mesmos, através dos nossos eleitos, os responsáveis por tais políticas.

NUNCA MAIS

Há entre os judeus uma frase, “never more, never again”, ou algo como “nunca mais outra vez” para se referirem ao holocausto. Penso que se aplica ao 11 de setembro, obviamente sem querer fazer comparações entre motivações e proporções.

O 9/11 – como chamam os americanos – foi um crime contra a humanidade, contra a democracia, contra a civilização, enfim, contra aquilo que nos é mais caro e grato: a vontade e o gosto de se viver em coletividade.

Após os ataques de 2001, o mundo mudou e não para melhor, haja vista a guerra na Ucrânia. Cabe a nós, adultos livres, responsáveis e humanistas, a tarefa de não deixar piorar. Sem lacração, sem fantasia, sem blá blá blá. Com atitudes práticas e cotidianas. Eu faço minha parte.