Na manhã de 11 de setembro de 2001 eu estava visitando um cliente na Marginal do Tietê, em São Paulo, quando meu irmão me ligou: ‘Você viu Nova York?’ Respondi que não, que estava na rua, e então ele me disse: ‘Vá para casa e assista; um avião “entrou” no World Trade Center’.

Larguei meu representante com o cliente e me mandei para casa. No caminho, no rádio, notícias confusas e desencontradas. Mas, tão logo entrei em casa e liguei a TV, pude ver as Torres Gêmeas em chamas, fumegando nuvens pretas de fumaça, quando, de repente, a Torre Sul veio ao chão.

Qualquer pessoa minimamente normal, que tenha assistido àquele evento, seguramente se lembra, nos mínimos detalhes, onde estava e com quem. Particularmente, talvez pelo fato de ter estado há poucos meses num daqueles prédios, comendo uma fatia de pizza no deck de observação, aquilo tenha me chocado tanto.

2021

Enquanto a segunda torre colapsava, eu só pensava na ‘cena da pizza’. Eu e minha namorada (atual esposa) poderíamos estar lá, sentados, entre confusos e incrédulos, olhando através da janela do centésimo e tanto andar, assistindo a um gigantesco Boeing 767 voar rápido e mortal em nossa direção.

Hoje, 20 anos depois, por conta de mais uma terrível tragédia, desta vez a pandemia deste maldito novo coronavírus, me encontro justamente em Nova York, ao lado de minha esposa e filha, revivendo tudo o que se passou. Estamos morando aqui e afirmo: a Big Apple não superou o trauma.

Neste sábado, estão previstas diversas cerimônias e homenagens por toda a cidade, especialmente no ‘ground zero’ e no Museu do 9/11. Iremos a algumas, como fomos no 4 de julho, o Independence Day. Estamos tendo a oportunidade de viver, ‘in loco’, datas históricas – felizes e tristes – que marcaram os americanos.

ESQUECER JAMAIS

Há momentos que, por mais que doam e que queiramos esquecer, precisam ser lembrados. O ataque terrorista de 2001 aos Estados Unidos da América é um destes momentos. Como o Holocausto. Como a escravidão. Como qualquer atentado contra a vida e a dignidade humanas. Lembrar é a única forma de não esquecer.

O ser humano é imbuído do espírito da evolução. Nem todos, é verdade. Mas os que são precisam evitar, a todo custo!, a repetição das tragédias – muitas delas perfeitamente evitáveis. É por isso que a memória e a história devem ser preservadas ao máximo e para todo o sempre. Afinal, recordar é viver. E viver é evoluir. Para melhor!

Este ano não enviarei minha solidariedade e meu apoio às famílias e aos amigos das vítimas fatais. Afinal, estou aqui. Darei meu abraço e chorarei com eles. Como chorei tantas vezes ao assistir àquelas cenas de puro terror. Neste 11 de setembro, Nova York contará com três novos brasileiros, para lhe amparar e acarinhar um pouco mais. Essa cidade merece.