0710N914A.jpg 

 

A ex-mulher do goleiro Bruno Fernandes, Dayanne Rodriques do Carmo Souza, disse à Polícia Civil mineira que quando o desaparecimento da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, começou a ser investigado, Bruno se reuniu com a família e, aos prantos, disse que seria preso e que sua carreira havia acabado. Em audiência nesta segunda-feira (8) no Fórum de Contagem-MG, ela confirmou a maior parte do depoimento à polícia e a autoria de uma carta enviada ao Ministério Público (MP) na qual afirmou que desconfiou da morte de Eliza e que temia que o bebê da vítima também fosse morto.
Segundo Dayanne, a reunião de Bruno com a família ocorreu após a polícia começar a investigar o desaparecimento de Eliza. A reunião, de acordo com ela, ocorreu na casa da avó do goleiro, que o criou. Poucos dias antes, Bruno havia encarregado a ex-mulher de cuidar do bebê de Eliza, que seria fruto do relacionamento dele com a ex-amante. Dayanne chegou a ser presa acusada de sequestrar a criança. Depois, revelou à polícia que havia deixado o bebê com amigos do goleiro, por ordem do braço direito do jogador, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão.
"Sempre que eu falava com Macarrão, ele dizia que não era nada grave. Mas eu comecei a desconfiar. A possibilidade de o bebê estar correndo risco de vida era muito grande", disse, na carta enviada ao MP, cujo teor Dayanne confirmou à juíza Marixa Fabiane Lopes. E acrescentou que revelou onde o menino estava porque "temia o que podia acontecer com ele".
Segundo a polícia e o Ministério Público, a criança seria o motivo do assassinato de Eliza, que travava uma disputa judicial com Bruno pelo reconhecimento da paternidade. Pelas investigações, ela teria sido morta a mando de Bruno pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, com ajuda de Macarrão de um primo do goleiro, de 17 anos. Eliza desapareceu no início de junho, mas seu corpo nunca foi encontrado e a defesa dos nove acusados do crime – inclusive a própria Dayanne – tenta negar o homicídio.
Além de Dayanne, a juíza Marixa Lopes pretende ouvir ainda Elenílson Vitor da Silva, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno. Todos estão presos acusados de envolvimento no crime.
 

Julgamento

A ausência de um dos advogados no início da manhã desta segunda-feira (8) no Fórum de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, atrasou em cerca de uma hora o início da audiência na qual começam a ser ouvidos os acusados de sequestro e assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza. O jogador não deve ser ouvido nesta segunda.
Dos nove réus no processo, a previsão é de que cinco prestem depoimentos nessa audiência: a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodriques do Carmo Souza, Elenílson Vitor da Silva, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno.
Na fase de inquérito, apenas Sales e Dayanne prestaram depoimentos. Os outros acusados, por orientação dos advogados, preferiram o silêncio. O advogado de Elenílson, Frederico Franco, afirma que orientou seu cliente a prestar depoimento à Justiça. Elenilson era caseiro do sítio de Bruno em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte, onde, segundo a polícia e o Ministério Público (MP), Eliza foi mantida prisioneira antes de ser morta.
Franco admite que seu cliente esteve com Eliza no sítio, mas afirmou que ele não tem conhecimento de nenhum crime. "Outros réus também estiveram com Eliza lá (no sítio). Mas ninguém sabe de homicídio. Ela saiu um dia e não a viram mais", disse. A jovem foi vista pela última vez no início de junho e seu corpo nunca foi encontrado.
O teor do depoimento de Dayanne não foi revelado até o momento. Já Sales confessou porém, ele interrompeu o depoimento de uma testemunha de defesa e alegou que havia sido torturado pela polícia para dar as declarações. As alegações constaram na ata da sessão, mas só nesta segunda ele será ouvido formalmente.
Também foram marcadas audiências nessa terça e quarta-feiras para os depoimentos dos réus, mas a juíza Marixa Fabiane Lopes, que preside o processo, não revelou a ordem em que eles serão ouvidos.
No início sessão, o advogado José Arteiro Cavalcante, que representa Sônia Fátima Moura, mãe de Eliza, afirmou que tinha a intenção de levar o bebê da jovem para a audiência, mas a Justiça não autorizou. A criança, que seria fruto do relacionamento de Eliza com Bruno, está sob a guarda de Sônia, que acompanha a audiência.