Aquela casa bem decorada, com materiais práticos e elegantes, é o sonho de qualquer um. Por isso, projetos como a Casa Cor, que tem edições anuais em várias capitais do País, foram criados para injetar criatividade na decoração, mas os preços nem sempre são compatíveis com o desejo. No Rio de Janeiro, uma idéia inovadora pretende chegar ao meio termo. O projeto Morar mais por menos: o chique que cabe no bolso oferece alternativas para se decorar a casa por um custo mais acessível. A exposição foi idéia da carioca Sabrina Schuback, 29 anos, formada em marketing. Depois que se casou, em outubro de 2003, levou um susto com a realidade dos preços. Chamou um arquiteto que a ensinou a adquirir coisas certas. “Comprar errado custa duas vezes mais”, ensina. A experiência se transformou na casa de 1,2 mil metros quadrados, em São Conrado (zona sul), projetada por Oscar Niemeyer e aberta à visitação até 5 de setembro. Os ambientes foram criados por 50 arquitetos de todo o Brasil, que abusam do bom gosto ao mesmo tempo que poupam o bolso.

O que predomina são matérias-primas de baixo custo, como o gesso que reveste uma estrutura metálica, o gesso acartonado, 40% mais barato que uma parede de alvenaria e dá forma a uma parede em apenas um dia. Essa foi a base do home office da decoradora de interior Rosane Servino. O próprio método de Rosane promete rapidez e economia. Sua visita ao cliente custa o equivalente a dois salários mínimos: ela dá idéias e faz um orçamento que pode proporcionar uma verdadeira metamorfose no ambiente. Em seu espaço, o piso original de madeira foi revestido de sinteco preto, as estantes feitas de gesso acartonado e as duas chaises longues revestidas de capas que as transformaram em novas, cada uma por R$ 200.

Outra alternativa foi mesclar materiais caros e baratos, de forma que o resultado final chegue a um meio termo. Foi a técnica usada pela arquiteta Lisete Ramos para montar o banheiro do casal, em que cada um tem seu próprio chuveiro dentro do mesmo boxe. Ela optou por uma bancada de granito preto nacional com lavatórios quadrados e lançou a chiquérrima linha polares de metais Dacol, com preços médios. A decoração tem como base objetos de plástico. A banheira, raramente usada, acabou revestida por um tampo de madeira coberto por um colchão futon, virando um espaço de relaxamento com música e velas aromáticas. O espaço entre dois espelhos foi preenchido por varas de bambu, na realidade varas de pescar que custam R$ 2 e dão um moderno toque oriental ao banheiro.

A maioria dos arquitetos que participam do Morar por menos se inspirou em pessoas comuns para compor os ambientes. Mas não se pode dizer o mesmo da suíte do aventureiro, idealizada por Christiane Magalhães. É o quarto do homem moderno, despojado, cidadão do mundo. O destaque é a cama de casal de bambu pendurada por cordas, coberta por um confortável futon. Balança como rede e tem a estabilidade de uma cama convencional. A invenção sai por três prestações de R$ 270. Uma viagem sem sair do lugar.