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Marco Castillo e Dagoberto Rodriguez cresceram em La Havana e se formaram sob a influência de uma arte genuinamente revolucionária e esquerdista. Isso não quer dizer que, ao tomar partido da manufatura e de ofícios tradicionais, como a marcenaria e a serralheria – em contraste a um mundo dominado pela alta tecnologia –, a dupla Los Carpinteros estivesse submetida ao regime de Fidel Castro. Pelo contrário. Os artistas sustentam que a referência a carpinteiros, marceneiros, pedreiros e serralheiros é um disfarce contra a censura, uma forma dissimulada de “burlar a vigilância”. Mesmo produzindo uma obra de aparência “desideologizada”, seu discurso político acontece na forma com que manipulam e subvertem a mobília cotidiana para inventar objetos impossíveis.

i51678.jpgSuas obras resultam da composição entre dois objetos de naturezas distintas. Geralmente, eles travam relações entre o mobiliário doméstico e a arquitetura urbana, aproximando esfera pública e vida privada. A partir dessa proposta, criaram “aberrações”, como uma granada convertida em gaveteiro, uma cama transformada em montanha-russa, um sofá com bocas de fogão, uma piscina que se comporta como um muro ao redor de uma casa, uma cafeteira construída de tijolos, um conjunto de edifícios em que as janelas são caixas de alto-falantes. Além da granadagaveteiro, há ainda uma vasta série de esculturas em que edifícios públicos são convertidos em armários. Como, por exemplo, Embajada Rusa (2003), em referência à imponente Embaixada da Rússia, construída em La Havana no final dos anos 1980. Há aqui, no mínimo, uma alusão à monumental burocracia dos órgãos públicos do regime ditatorial socialista.

Los Carpinteros, os mais reconhecidos artistas cubanos contemporâneos, começaram a trabalhar de forma coletiva em 1994, renunciando à idéia da autoria individual. Na exposição no Galpão Fortes Vilaça, em São Paulo, eles se referem, de alguma maneira, a essa forma de criação coletiva. Dos camas (2007), mostrada em escultura, é um entrelaçamento de camas individuais, formando um duo inseparável. A aquarela No estamos solos (2007), em que uma cama é refletida em uma sala de espelhos, também está relacionada a essa individualidade multiplicada ao infinito.

Circuitos no mundo

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Um idioma comum aproxima latino-americanos na exposição Emergentes. O brasileiro Lucas Bambozzi, o mexicano Rafael Lozano-Hemmer, o salvadorenho Fernando David Orellana, o colombiano Santiago Ortiz, os peruanos Rodrigo Derteano, José Carlos Martinat e Enrique Mayorga falam línguas derivadas de mídias tecnológicas. A mostra apresenta instalações interativas desenvolvidas a partir de pesquisas em robótica e vida artificial. Entre elas, Almacén de corazonadas, de Lozano- Hemmer (foto), em que 80 lâmpadas reproduzem os ritmos cardíacos dos visitantes. A mostra viajará para o Peru, o Chile, a Colômbia, o México e o Brasil.

Arte e Olimpíadas

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ARTE EM EMBAIXADAS/ Embaixada dos Estados Unidos, Pequim/ a partir de 8/8

Pouco antes da abertura dos Jogos Olímpicos, a nova Embaixada dos Estados Unidos em Pequim abre as portas com trabalhos de 18 artistas internacionais. A mostra integra o projeto Arte em embaixadas, realizado pelo Departamento de Estado dos EUA, que distribuiu 3.500 obras de arte entre 170 embaixadas de todo o mundo. A obra Tulips (foto), de Jeff Koons, foi emprestada para Pequim por dez anos.

Diálogos emergentes