O sonho da medalha olímpica pode manterse vivo depois dos 40. Para um seleto grupo de atletas de vários países, a idade não será barreira para disputar os Jogos Olímpicos de Pequim, mesmo em esportes que exigem excepcional condicionamento físico. Atletismo, natação, ciclismo e remo são algumas das modalidades que contarão com a participação de quarentões. Entre estes, a última atleta a se classificar foi a nadadora americana Dara Torres, 41 anos. Ela conseguiu índices para disputar as provas de 50 metros livres, 100 metros livres e o revezamento 4×100 metros. Acabou por desistir de participar dos 100 metros para se concentrar nas outras duas. “Não posso sentar e dizer: ‘Oh, estou tão satisfeita em ir.’ Quero uma medalha!”, avisa ela, que já subiu ao pódio oito vezes em Olimpíadas anteriores. De maneira geral, este é o espírito dos atletas maduros: é importante competir, mas eles vão a Pequim atrás de vitórias.

Um dos atletas mais velhos a participar de uma modalidade de grande esforço é o etíope Haile Satayi. Aos 49 anos, ele vai correr a maratona. As provas de resistência são aquelas em que os competidores maduros podem ter um desempenho mais satisfatório. “Nas modalidades em que é exigido um maior esforço muscular eles têm menos chance”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, o ortopedista Arnaldo José Hernandez. Para ele, a genética é o principal determinante para que um esportista chegue à maturidade competindo em provas de alto nível. “Tem que haver uma predisposição natural do metabolismo. Se isso acontecer, a tecnologia do esporte entra como coadjuvante para dar apoio.”

Também estará suando a camisa em Pequim a ciclista francesa Jeannie Longo, 49 anos. Ela foi medalhista de ouro em Atlanta (1996) e pentacampeã mundial do esporte. Os Jogos Olímpicos de 2008 ainda contarão com a participação do remador australiano James Tomkins, 42 anos, que já conquistou três ouros. O ex-corredor brasileiro Robson Caetano acredita que um fator importante empurra esses atletas para a frente. “Para resistir por tanto tempo à puxada rotina de treinos e viagens, é certo que eles sentem prazer nas suas atividades”, diz. De saída, desfrutar essa sensação já é uma grande vitória para os quarentões olímpicos.

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