i51700.jpgApós 16 anos, foram retomadas as obras do Ryugyong Hotel, na Coréia do Norte, que ainda nem está pronto, mas já ostenta o desconfortável título de edifício mais feio do mundo. A construção é reiniciada em meio ao frenesi de grandes empreendimentos imobiliários que tomou conta da Ásia. Vários países se esmeram em produzir arranha- céus cada vez mais imponentes e ousados, além de, obviamente, altos. Atualmente, oito dos dez maiores espigões do mundo estão localizados na Ásia. Desses, seis foram construídos nos últimos dez anos.

Essas megaestruturas de concreto e vidro crescem rumo ao céu surfando na nova onda de prosperidade econômica, combinada a um volume de investimentos nunca antes visto no mercado imobiliário, principalmente dos países asiáticos – sem esquecer o Golfo Pérsico e os arroubos arquitetônicos de Dubai, que possui o edifício mais alto do mundo no momento: Burj Dubai (em construção). Os arranha- céus funcionam como uma expressão física da economia pulsante e refletem um alto nível de adrenalina econômica. Eles se tornaram um símbolo de status – as cidades que os ostentam são um reflexo de prosperidade.

Foi Nova York que formatou esse conceito, tijolo a tijolo. Por décadas ela foi considerada o máximo em termos de cidade vertical. No início do século XX, ela vivia a efervescência do movimento arquitetônico, a experimentar todas as técnicas de construção que emergiam da engenharia. O surgimento dos arranha-céus foi uma conseqüência natural, assim como a competição para construir o edifício mais alto do mundo. A largada foi dada em 1908, pelo Singer Building (187 m e 47 andares), já demolido. Depois vieram ícones como o Woolworth Building (1913, 247 m, 57 andares), o Chrysler Building (1930, 282 m, 77 andares), até chegar ao lendário Empire State Building (1931, 381 m, 102 andares), que hoje defende o posto nove na lista dos mais altos do mundo. A silhueta nova-iorquina ainda ostentou o World Trade Center (1972, 417 m e 110 andares), destruído em 11 de setembro de 2001 por terroristas islâmicos. Mas a corrida pelos ares da arquitetura local já havia sido freada muito antes desse trágico ataque.

O boom econômico do Oriente reacendeu a batalha pelo edifício mais alto do mundo. Curiosamente, são arquitetos americanos e europeus os comandantes dessa disputa em que o céu é o limite. Eles foram atraídos pela economia aquecida e a liberdade de criação. Uma das raras exceções é Ma Yansong, chinês que precisou ganhar sua primeira concorrência no exterior para ser reconhecido em seu país. Ele critica esse frisson asiático por construir obras megalomaníacas. “Eles se interessam mais pela altura do prédio do que pelo projeto em si”, diz.

Há vários projetos em andamento, que vão, em breve alterar a lista dos dez mais altos do mundo. Dentre eles, estão o Shangai World Financial Center (492 m) e o Union Square Phase 7, em Hong Kong (474 m). Essas obras, e outras que devem sair do papel logo mais, consolidarão a Ásia como a região com mais da metade dos guindastes do planeta. Resta saber qual parte da história da arquitetura está sendo escrita lá.

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1. 384 m Shun Hing Square, Shenzhen (China), 69 andares
2. 391m CITIC Plaza, Guangzhou (China), 80 andares
3. 415 m Two International Finance Centre, Hong Kong (China), 88 andares
4. 421 m Jim Mao Tower, Xangai (China), 88 andares
5. 452 m Petronas Tower, Kuala Lumpur (Malásia), 88 andares
6. 508 m Taipei 101, Taiwan (China), 101 andares
7. 636 m Burj Dubai, Dubai (Emirados Árabes), em construção, previsto para ser concluído em 2009 e chegar a 800 m e 160 andares