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Em eleição municipal, não basta ao governador ter apenas popularidade, é preciso saber transferir votos a fim de eleger o maior número de prefeitos possível, de preferência o da capital, e construir uma sólida rede de apoios para o próximo pleito. Esse é o desafio que se impõe para o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Desde a abertura democrática que permitiu a volta das eleições diretas para governador (1982) e prefeito (1985), nenhum governador de Pernambuco elege seu candidato na capital do Estado. As forças de oposição sempre se revezam na administração municipal e estadual. E, a julgar pelas recentes pesquisas de intenções de voto no Recife, a história promete se repetir. Dileto amigo e aliado do presidente Lula, cuja popularidade no Nordeste registra os maiores índices, e com alta aprovação pessoal em todo o Estado, Campos até agora não conseguiu fazer deslanchar a candidatura a prefeito de seu aliado João da Costa (PT), que também conta com o apoio da máquina da prefeitura, hoje nas mãos do petista João Paulo. Pior: além de não ter conseguido até agora colocar a azeitona na empada do seu candidato a prefeito, que tem como vice Milton Coelho, do PSB, Campos corre o risco de ver a prefeitura da capital ir parar nas mãos de um dos seus principais adversários em outubro.

De acordo com a última pesquisa do Ibope, o ex-governador Mendonça Filho (DEM) aparece na liderança, com 30% das preferências, seguido por Carlos Cadoca (PSC), com 22%. Só então aparece João da Costa (PT), com 20%. Mais atrás, com 7%, figura o deputado Raul Henry (PMDB). Os correligionários de João da Costa apostam numa reviravolta do quadro quando mudar o horário da novela. Ou seja, quando começar o horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê. O petista terá o maior tempo de propaganda eleitoral – nove minutos e 37 segundos, contra quatro minutos e 33 segundos de Cadoca e três minutos e 49 segundos de Mendonça Filho. A propaganda no rádio e na tevê começa a partir do dia 19 de agosto. Mas Campos, embora tenha se comprometido com Lula a entrar de corpo e alma na campanha de João da Costa, reconheceu em conversa com interlocutores durante a semana que a disputa será mesmo complicada no Recife. “A parada vai ser dura”, admitiu o presidente nacional do PSB. “No Recife, o povo não é bobo, não é tolo, não é inocente. O povo sabe quem tem capacidade e quem está na asa de outra pessoa. Não vai votar porque fulano é afilhado de sicrano, porque o prefeito indicou uma pessoa”, ensina o ex-governador e senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que apóia Raul Henry, outro que também não decolou nas pesquisas.

Outro revés para o candidato de Campos no Recife foi a decisão anunciada por Lula, no último mês, de que ele ficará ausente dos palanques nas capitais em que disputarem mais de um candidato da base governista. Na capital do Estado, o outro candidato da base aliada de Lula é Carlos Cadoca, hoje em segundo nas intenções de voto. Quer dizer, com Lula fora do palanque no primeiro turno, quem terá a missão de levantar a candidatura de João da Costa no Recife é Eduardo Campos, ao lado do atual prefeito João Paulo, do PT. “Dudu” – maneira carinhosa com que o presidente trata o governador de Pernambuco – precisará ter habilidade de enxadrista se quiser mudar a história no Recife e evitar que a oposição triunfe mais uma vez na capital do Estado.