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Como se não bastassem as dificuldades naturais da campanha municipal, os candidatos a vereador e prefeito no Rio de Janeiro têm pela frente um obstáculo a mais. E não é pequeno. Nas chamadas áreas de risco – favelas e bairros onde a população honesta é submetida ao domínio da bandidagem –, vários políticos estão sendo impedidos de fazer propaganda. A determinação parte de traficantes ou milicianos que mandam nesses territórios e formaram uma espécie de Tribunal Eleitoral do crime. Ameaçam candidatos e cabos eleitorais que não caem nas suas graças, enquanto abrem caminho para outros com os quais têm parceria. Essa situação levou Ingrid Gerolimich, que aos 24 anos concorre a vereadora pelo PT, a pedir proteção policial. “Diante da notícia de que tráfico e milícia têm seus próprios candidatos e obrigam moradores a fazer campanha para eles, pedi garantia de segurança em áreas de risco para mim e para outros candidatos”, diz ela. Alguns políticos preferem negociar o acesso às favelas com as associações de moradores e há quem simplesmente não faça campanha nessas regiões.

As limitações são impostas até mesmo aos candidatos majoritários. O senador Marcelo Crivella (PRB), líder nas pesquisas de intenção de voto a prefeito, já passou por constrangimento. Após uma visita a Rio das Pedras, em Jacarepaguá, zona oeste, dominada pela milícia, foi interpelado na segunda-feira 14 por um líder comunitário que queria saber dele quem havia autorizado sua ida à favela. Ele só retornou à região quatro dias depois, a convite de outro representante da comunidade. “Não me conformo em ver minha cidade dividida desse jeito. Isso fere o senso da nossa dignidade, não aceito barreira”, afirmou. Para Fernando Gabeira, candidato a prefeito pelo PV, as áreas de milícia são mais complicadas. “O governo deve desarticular as milícias”, afirmou. Ele pediu ao TRE uma campanha para esclarecer a população de que o voto é secreto. “Os milicianos ameaçam moradores dizendo que vão saber quem votou em quem”, afirmou.

Alguns políticos negociam o acesso às favelas. E há quem nem faça campanha lá

A própria polícia admite o problema. O deputado estadual Natalino, preso na terça-feira 22, e o vereador Jerominho (também preso meses antes) são acusados pelo delegado Marcus Neves de chefiar uma milícia que traçou planos eleitorais. “Eles têm objetivos políticos audaciosos, pretendiam eleger políticos com apoio dos milicianos”, afirma o policial. Esse é pelo menos um gesto para evitar a formação de uma bancada do crime.

A própria polícia admite o problema. O deputado estadual Natalino, preso na terça-feira 22, e o vereador Jerominho (também preso meses antes) são acusados pelo delegado Marcus Neves de chefiar uma milícia que traçou planos eleitorais. “Eles têm objetivos políticos audaciosos, pretendiam eleger políticos com apoio dos milicianos”, afirma o policial. Esse é pelo menos um gesto para evitar a formação de uma bancada do crime.

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