O estudante André Bernussi nasceu em Jundiaí (SP), iniciou seus estudos em Engenharia Agronômica em Piracicaba, uma cidade próxima, e está dando continuidade à sua formação em Paris, na França. Ao final, terá condições legais de exercer a profissão no Brasil e em qualquer parte da Europa. André, 26 anos, será um profissional globalizado graças ao curso de graduação com dupla diplomação no qual está matriculado.

A oferta desses cursos vem crescendo no Brasil. Pelo menos 13 instituições de ensino, entre públicas e privadas, possuem convênios com faculdades e universidades estrangeiras. Elas dão ao aluno a possibilidade de realizar parte de sua formação em outro país e, ao final, receber dois diplomas: um válido no Brasil, e, outro, no país em que estudou. A recíproca é verdadeira. “Sempre galguei experiências no Exterior. Já estudava francês quando soube que a minha faculdade fazia parte de um programa de dupla diplomação”, diz André.

Os alunos que optam por esse tipo de formação geralmente são submetidos a uma avaliação. Como não há legislação específica para esses cursos no Brasil, cada acordo traz regras próprias definidas pelas instituições parceiras. Aluno da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, André cursou dois terços da faculdade em terras brasileiras e está fazendo o restante no Instituto Nacional de Agronomia Paris Grignon (INAP-G), uma tradicional escola em Paris, e estagiando na Pernod Ricard, gigante no ramo de bebidas.

Geralmente, viajar para o Exterior e se manter lá é um problema. Conscientes disso, as universidades brasileiras buscam facilitar a situação para o aluno – algumas até abrem mão do pagamento da mensalidade aqui para o dinheiro ser investido lá. Também há bolsas de estudos, oferecidas pelo governo brasileiro e pelo país de destino. Através da bolsa Capes Brafitec, do governo federal, André conseguiu ajuda financeira. “Acho elogiável qualquer iniciativa que leve o aluno a ter experiências em outro país”, diz o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota.

A fisioterapeuta Gabriela Rodrigues, 22 anos, era aluna da Anhembi-Morumbi, em São Paulo, quando seguiu para uma temporada na Universidade Européia de Madri, na capital espanhola. Ficou dois meses por lá e nesse período trabalhou em hospitais. “No Brasil, a fisioterapia é muito americanizada. Na Espanha, pude aprender métodos exclusivos dos europeus”, diz Gabriela.

Também há a possibilidade de o aluno receber dois diplomas sem deixar o Brasil. É o caso do curso de Hotelaria da Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Graças a um acordo com a Escola de Hotelaria de Lausanne, na Suíça, James Swan, 24 anos, vai se formar em meados de 2010 pela Estácio e, por tabela, receberá um diploma também na escola suíça. É que a grade curricular da faculdade brasileira foi montada com base na Lausanne. Prestes a embarcar para um estágio de três meses na rede de hotéis Pestana, em Portugal, James não vê a hora de ter os diplomas em mãos. “Pretendo trabalhar no Exterior o quanto antes”, diz.

França, a predileta
Entre os países que abrem as portas para estudantes brasileiros, a França é quem mais recebe os interessados. Por ano, cerca de quatro mil brasileiros desembarcam no país para fazer de curso de francês a doutorado. Só para dupla diplomação, são 300 por ano. Trinta e oito instituições de ensino superior francesas oferecem oportunidades em diferentes áreas, especialmente em engenharia. O governo francês oferece bolsas de estudos. O escritório da Campus France no Brasil centraliza as informações sobre oportunidades na França.