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Uma das mais dolorosas sequelas de doenças que atingem o cérebro é a perda da memória. Progressiva ou instantânea, ela tira do indivíduo a segurança, a autoestima, a própria história. Um recurso simples promete reduzir os danos causados pelo problema. Trata-se da SenseCam, uma câmera fotográfica capaz de registrar praticamente todos os momentos vividos pelo usuário, permitindo a ele reconstituir seus passos.

Desenvolvida pela Microsoft, a máquina tem características especiais. A primeira delas é a lente, que capta imagens mais amplas. O aparelho também possui sensores que identificam mudanças de luz e temperatura, indicando que houve alteração de cenário, o que mostra a necessidade de realização de novas fotos. Se o paciente preferir, pode acionar um modo de funcionamento por meio do qual as imagens são capturadas em intervalos regulares.

Ao final do dia, tudo pode ser transferido para um computador. Nele, cria-se, então, uma espécie de memória virtual: uma a uma, as imagens vão mostrando ao paciente onde ele esteve, o que fez, com quem conversou. Hoje, a maior parte dos recursos disponíveis para o tratamento de deficiências na memória destina-se a apenas lembrar o doente do que ele tem a fazer, e de quando fazer.

Os efeitos do uso do aparelho são alvo de pesquisas. Algumas, básicas, empenhadas em entender melhor o funcionamento da memória. ?A câmera nos ajuda nesta tarefa?, contou à ISTOÉ William Brewer, da Universidade de Illinois (EUA). Outras estudam como ela pode melhorar a qualidade de vida em pacientes com doença de Alzheimer, amnésia causada por epilepsia ou vítimas de lesões cerebrais. Os resultados, preliminares ainda, sugerem que a câmera pode trazer benefícios. ?Há indícios de melhora na consolidação da memória autobiográfica recente, aquela formada nos últimos dias?, disse à ISTOÉ Phillip Barnard, da Unidade de Ciências do Cérebro e Cognição, de Cambridge, na Inglaterra. Na Universidade de Toronto, no Canadá, a pesquisadora Deborah Ptak conduz há dois anos um experimento com portadores da doença de Alzheimer, caracterizada pela perda progressiva da memória. ?Observamos a melhor retenção dos detalhes das situações entre os pacientes que usaram a câmera?, declarou ela à ISTOÉ.

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COMO UM FILME
As imagens são transferidas para um computador,
onde podem ser revistas no final do dia