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Há sempre opiniões divergentes quando o assunto é a relação entre sexo e competições esportivas. Técnicos e treinadores tentam reprimir os hormônios dos pupilos, enquanto os atletas tendem a considerar que uma boa válvula de escape mais ajuda do que atrapalha. No Pan do Rio, a polêmica ressurgiu com força. Várias medidas foram tomadas para refrear as saliências e romantismos na Vila do Pan, hospedagem oficial das delegações. No fim das contas, a libido levou medalha de ouro, atraindo atenções para ambientes bem distintos das quadras e pódios, como a boate da Vila.

Em outra danceteria, a Baroneti, em Ipanema, a modelo Heloizia Alencar ficou conhecida como “a nona medalha”, pelas cenas de carinho com o tubarão Thiago Pereira, que levou seis ouros, uma prata e um bronze nas provas de natação. “Depois de mais de 100 dias de confinamento e total concentração, é normal um garoto de apenas 21 anos sair e se divertir”, diz Rose Vilela, mãe do atleta. O ginasta Diego Hypólito preferiu a temperatura elevada da quadra do Salgueiro, na Tijuca, onde descarregou, na madrugada de sábado 21, as energias conferidas por três medalhas.

 

 

 

 

 

 

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A revelação de que as camisinhas da loja de conveniências acabaram no dia da abertura dos Jogos chamou a atenção para a Vila e levou o comitê organizador dos jogos a autorizar o Ministério da Saúde a incluí-la entre os pontos nos quais foram distribuídos 600 mil preservativos destinados ao Pan. Logo em seguida, o primeiro escândalo: duas camareiras demitidas por dividirem a cama com atletas cubanos. Na Vila do Pan, a pista ferveu ao som de funk e suas coreografias erotizadas, além de ritmos caribenhos. A desinibição das americanas levou o comando da delegação a proibi-las de freqüentarem o local, com direito a lanterninhas procurando, na escuridão enfumaçada, alguma ovelha desgarrada.

Prefeito da Vila, o general da reserva do Exército Paulo Laranjeira, 66 anos, proibiu a presença de voluntários na boate. “Esta é uma grande confraternização entre países e não há como fazer isso sem diversão, namoro. Não é verdade que proibimos o acesso dos voluntários por causa de excessos, a discoteca sempre foi para os atletas”, disse o prefeito. A voluntária Mayara Santos, 18 anos, diz que houve proibição sim, depois dos rumores de que uma voluntária teria feito strip-tease na pista. “Eu fui um dia e depois não pude mais. Não é justo perder essa diversão, pagar pelos excessos de outros”, protestou.

Uma das diversões dos voluntários é julgar as delegações, mas não pelas provas oficiais. “Os mais lindos são os argentinos”, diz Mayara, em coro com as amigas. Os cubanos, segundo ela, também são muito elogiados. “São os mais atirados.” Já o voluntário Thiago Henrique Santos de Souza, 22, chegou a montar um pódio: ouro para Estados Unidos, prata para Antilhas Holandesas e bronze para Argentina. “As americanas são altas, olhos verdes, sorridentes, lindas”, derrete-se.

Os atletas passaram nos testes de doping, mas o álcool deu trabalho. Até o prefeito Cesar Maia entrou na confusão, proibindo bebida nas imediações e interditando o bar de um posto de gasolina que se tornara point. Dezenas de garrafas de rum, tequila, cachaça, uísque e vinho, além de latas de cerveja, foram apreendidas por agentes da Força Nacional de Segurança para serem devolvidas quando as delegações fossem embora. “Em um dia, 15 litros foram devolvidos aos atletas de Cuba, Aruba e Guatemala”, disse o coordenador de tecnologia da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Odécio Carneiro. Os recordistas em apreensões de bebida foram mexicanos e – de novo – cubanos.