22/10/2010 - 21:00
VITÓRIA
Chineses já conseguiram recuperar as populações de macacos dourados, ainda ameaçados de extinção.
Abaixo, a cerimônia de abertura da COP10, em Nagoia
Surpreendentemente, os primeiros dias de discussões na décima Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU (COP10), que começou na segunda-feira 18, em Nagoia (Japão), foram marcados por um ambicioso plano de conservação apresentado pela delegação chinesa em conjunto com o chamado Grupo dos 77 – organização que reúne países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Considerada uma das grandes vilãs do planeta por conta da proliferação de vários problemas ambientais como poluição, o alto uso de pesticidas e a intensa produção de lixo, a China conquistou o papel de líder em meio a um pesado clima de desconfiança.
Segundo vários analistas, as chances do encontro em Nagoia naufragar como a convenção do clima de Copenhague, realizada em dezembro do ano passado, são altíssimas. Mais uma vez, interesses econômicos colocam a assinatura de um acordo global sob risco. O fracasso no cumprimento das metas estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU para 2010 é a prova da fragilidade das negociações. Nenhum dos 21 objetivos traçados há 16 anos, como a redução no número de espécies ameaçadas de extinção ou o fim do tráfico de animais, foi alcançado. Muito pelo contrário: chegamos ao prazo-limite com ameaças ainda mais sérias à biodiversidade na Terra.
O plano chinês elenca 35 áreas do país como centros prioritários de conservação. Elas cobrem 23% do território e serão monitoradas constantemente. O objetivo é chegar a 2020 com a manutenção total da biodiversidade nessas reservas. Para tanto, o governo assumiu o compromisso de investir fortemente no programa – apenas em 2010, foram gastos cerca de US$ 4,5 bilhões. “O compromisso chinês é sólido. Se o país implementar esse plano, assumirá a liderança mundial na conservação de espécies”, disse o ambientalista Matthew Durnin, da ONG americana Conservação Natural. Mas efeitos colaterais já são sentidos. Com a redução do desmatamento na China, indústrias de móveis locais passaram a importar madeira ilegal de países como Indonésia e Tanzânia.
Entre os objetivos chineses, destacam-se o programa de conservação dos habitats de pandas, a recuperação de áreas industrializadas e a manutenção de flora e fauna na faixa subtropical do país. Que o exemplo seja seguido.
“Não dá para ser otimista em relação à conservação de espécies na
China enquanto o uso de pesticidas e a poluição castigarem o país”
Yan Xie, ambientalista da Sociedade
de Conservação da Vida Selvagem