chamada.jpg
CABELOS REBELDES
Marcel Otavio, que interpreta Woof,
foi selecionado entre cinco mil atores

 

"Quando a Lua estiver na sétima casa e Júpiter se alinhar com Marte, a paz vai guiar os planetas e o amor governar as estrelas.” É assim que começa a música “Aquarius”, grande sucesso nos anos 1960. A partir do dia 5 de novembro, no Rio de Janeiro, a canção vai voltar a ser entoada, em versão brasileira, no musical “Hair”, em cartaz no Teatro Oi Casa Grande. A montagem coincide com um revival do espírito da “era de aquário” em festivais de música como o SWU, que levou ao interior de São Paulo multidões dispostas a reviver Woodstock. E isso na mesma semana em que John Lennon faria 70 anos. “Pode ser só coincidência, mas há uma volta daquele clima de paz e amor”, diz Claudio Botelho, que assina a montagem junto com seu parceiro habitual, Charles Möeller. Trata-se da segunda encenação brasileira da peça, que estreou no circuito alternativo nova-iorquino em 1967 e foi alçado à Broadway no ano seguinte. A história que encantou jovens de então – hoje cinquentões que na época lutavam contra um “sistema” diferente do retratado em “Tropa de Elite” – vem com roupagem nova e exuberante para conquistar o público atual.

O apelo de “Hair” permanece especialmente devido às ótimas canções de Galt MacDermot. Já em 1969, o enredo de Gerome Ragni e James Rado, centrado numa tribo de hippies de Nova York, ganhou uma antológica encenação no Brasil. Agora, no contexto da “guerra ao terror”, tanto a Broadway como o West End londrino remontaram o antigo musical e o sucesso foi estrondoso. “O movimento hippie foi extinto pela própria droga e a sua morte deu lugar à campanha da América careta”, diz Moeller, que aponta um retrocesso comportamental com os yuppies nos anos 1980e com a postura desencantada da geração 90. Apostar em “Hair”, portanto, é acreditar numa mudança, nem que seja cênica. Na busca de sangue novo, o encenador fez audições com cinco mil atores. O quarteto principal da trupe de 30 nomes é formado por Claude (Hugo Bonemer), jovem que é convocado para a Guerra do Vietnã, seu amigo Berger (Igor Rickli), a grávida Jeanie (Letícia Colin) e a idealista Sheila (Carol Puntel). “Nos tornamos uma tribo de hippies, um bando de jovens vivendo juntos o tempo todo e fazendo arte”, diz Rickli. Mais “paz e amor”, impossível.

img.jpg