15/09/2004 - 10:00
Metapolis (Teatro Alfa, São Paulo, dias 17, 18 e 19) – Partidário das fusões e quebra dos limites
da arte, o coreógrafo belga Frédéric Flamand se une mais uma vez a um arquiteto no novo espetáculo da companhia Charleroi-danses/ Plan K. Depois do francês Jean Nouvel, agora quem assina a “arquitetura cênica” é a inglesa de origem iraquiana Zara Hadid. Autora de projetos marcados pela leveza e pela fluidez à maneira da escrita árabe, Zara usa luzes e elementos móveis para que o espaço à volta dos 12 bailarinos literalmente dance. Não se trata apenas de um exibicionismo tecnológico. Já conhecida do público brasileiro, a companhia belga é também dona de uma técnica admirável. (Ivan Claudio)
Discos
Up at the lake, com The Charlatans – Surgido no final dos anos 1980, o grupo inglês foi o responsável pela volta do rock à cena musical de Manchester. Perplexa diante da nascente música techno e cegada pelo excesso de rímel utilizado pelas bandas da década anterior, a molecada caiu de joelhos diante da simplicidade proposta por Tim Burgess nos vocais, Martin Blunt no baixo, Jon Brooker na bateria, Rob Collins nos teclados e, especialmente, o guitarrista Mark Collins, que reinventou a guitarra-base. Em seu 10º álbum, o grupo lembra Bob Dylan em Feel the pressure – com citação de Simpathy for the devil e Beast of burden, dos Rolling Stones – e soa sincero tanto em baladas como Cry yourself to sleep como na sacudida Bona fide treasure. A faixa-título credencia The Charlatans como uma espécie de Strokes primal. (Luiz Chagas)
Televisão
Stripperella (Multishow, sábado às 23h) – Com assinatura de Stan Lee – o traço por trás de Homem-aranha e X-men, entre outros –, a série animada narra as aventuras de Erotica Jones, stripper de Los Angeles que diante do perigo se transforma na heroína lasciva, de curvas provocantes, criada à imagem e semelhança da atriz canadense Pamela Anderson (de S.O.S. Malibu), dubladora da personagem. Apesar da embalagem erótica, há pouca ousadia na animação pretensamente
adulta. Stripperella enfrenta vilões extravagantes e conta
com artefatos como um piercing vibratório, um detector de mentiras nos seios e um batom-laser. Também usa os cabelos como pára-quedas. É bobagem pura, um pastiche pop que parodia os filmes de James Bond até no codinome da personagem, que também atende pelo codinome 0069. (Celso Fonseca)
Arte
III mostra do programa de exposições 2004 (Centro Cultural São Paulo, São Paulo) – Além dos veteranos Paulo Pasta, Dudi Maia Rosa e Rosângela Rennó, a coletiva traz trabalhos de sete novos artistas, numa seleção criteriosa que merece uma visita. O paulista Rodrigo Matheus discute a paranóia atual ao dispor objetos emblemáticos como uma câmara de vigia, um monitor com a imagem de uma mansão, um sinalizador de topo de prédios e um logotipo de empresa de segurança. Numa trama de elásticos brancos, a também paulista Amalia Giacomini deforma o espaço de maneira meticulosa, a meio caminho da escultura. Já o fluminense Felipe Barbosa chega a resultados pictóricos bastante interessantes no painel Bola, feito de gomos coloridos de bolas de futebol. (Ivan Claudio)