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FRAGILIDADE
Os cientistas estimam que apenas 3.200 tigres-brancos
ainda habitem as florestas do Leste Asiático

 

 

A 10a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU (COP10), que começa nesta semana em Nagoia (Japão), tem um grande desafio: proteger a biodiversidade do planeta, algo muito difícil de mensurar. Além disso, é preciso transformar boas ideias em ações de verdade. “As pessoas normalmente relacionam a manutenção da biodiversidade à conservação de espécies selvagens”, diz Charles Perrings, professor de economia ambiental da Universidade Estadual do Arizona (EUA). Segundo o economista, é preciso pensar nela como fonte de uma grande variedade de “serviços”, tais como a produção de comida e combustíveis e o fornecimento de água potável. Mais: a variedade de seres vivos ainda é fundamental para o controle da erosão do solo, de pestes e de doenças. “As espécies que proporcionam todos esses benefícios nos mantêm saudáveis e seguros”, afirma Perrings.

As delegações dos cerca de 170 países que participam da COP10 tentarão, entre os dias 18 e 29, chegar a um acordo capaz de proteger a biodiversidade ao mesmo tempo que promova seu uso sustentável e faça a repartição dos benefícios para as populações que detêm esses recursos naturais. “Para evitar a dispersão de temas e a falta de capacidade de implementação, muito comum nessas convenções, queremos aprovar um plano estratégico com 20 metas a serem cumpridas até 2020”, explica Cláudio Maretti, superintendente de conservação do WWF-Brasil. Ele crê que, para chegar a um acordo, seria preciso criar um plano genérico, a ser detalhado ao longo do tempo.

A delegação brasileira será chefiada pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que terá a companhia do diretor de Conservação da Biodiversidade do ministério, Bráulio Dias, do diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Itamaraty, Luiz Alberto Figueiredo Machado, e de membros dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia. Diferentemente da Conferência do Clima, que no ano passado reuniu em Copenhague – e deve reunir novamente em dezembro, no México – líderes como Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama, a COP10 tem caráter mais técnico e deve receber diplomatas e ministros de Estado.

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RISCO REAL
Recifes de coral são os ecossistemas
mais ricos e ameaçados do planeta

 

Para o Brasil, detentor da maior diversidade biológica da Terra, dois acordos são especialmente interessantes: a inclusão do valor da biodiversidade nas contas públicas nacionais e a aprovação do protocolo de acesso aos recursos genéticos e repartição de benefícios. “Isso regularia as transações internacionais”, explica Maretti. Se for descoberto um novo medicamento a partir de uma planta ou de animal, por exemplo, o país detentor do ingrediente ativo seria compensado financeiramente.

A discussão se torna mais urgente no momento em que o relatório Planeta Vivo, estudo da organização conservacionista WWF divulgado na semana passada, revela que o mundo perdeu 30% de sua diversidade biológica nos últimos 40 anos. Nos países tropicais, como o Brasil, a perda chegou a 60% (saiba mais no quadro abaixo). “O sucesso das metas para 2020 vai depender de vários acordos. O Brasil é um dos poucos países com influência e credibilidade para intermediar essa cooperação”, conclui Perrings.

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