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No primeiro dia após a definição de que haverá segundo turno na campanha presidencial, os tucanos se reuniram nesta segunda-feira, em São Paulo, para discutir a estratégia de arrecadação para essa nova etapa da disputa. Com base em um diagnóstico de captação de fundos da primeira fase da eleição, o comando da campanha de José Serra (PSDB) estipulou metas para melhorar o desempenho junto aos arrecadadores.

O PSDB espera agora não enfrentar as mesmas dificuldades do primeiro turno da campanha, que resultaram em captação de recursos abaixo do esperado. Os tucanos decidiram ampliar o leque de potenciais doadores e fazer investidas junto aos pequenos e médios empresários, em reunião nessa segunda no escritório do secretário de Cultura, Andrea Matarazzo, na hora do almoço.

Participaram do encontro Márcio Fortes, ex-candidato a vice-governador pelo PSDB no Rio, o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge, o tesoureiro da campanha, Luis Sobral, e o responsável pela arrecadação, Sérgio Freitas.

A avaliação do comando da campanha é de que, até agora, o comitê da candidata adversária Dilma Rousseff (PT) teve mais facilidade em angariar recursos porque havia uma expectativa muito forte de vitória ainda no primeiro turno, além do fato de ela ser o nome governista. Os tucanos identificaram também que a campanha do PT teria conseguido muitas doações com empresas de médio porte.

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Agora, com a disputa apenas entre os dois candidatos, e com o mesmo tempo de televisão, o comando do PSDB avalia que as empresas teriam interesse em doar de maneira mais equilibrada para ambos os comitês.

Aécio Neves

Embalado pela conquista de um lugar no segundo turno, o presidenciável tucano José Serra desembarcou na segunda no segundo maior colégio eleitoral do Brasil para virar tributário do sucesso que o PSDB desfruta em Minas Gerais. Uma operação política recebida com uma contraproposta pelo tucanato mineiro: o compromisso de lançar o senador eleito Aécio Neves ao Planalto em 2014 e acabar com o fator previdenciário no cálculo das aposentadorias do INSS, instituído no governo FHC.

O que era, portanto, para ser apenas uma visita de pêsames ao recém-eleito senador, que acabara de perder o pai e ex-deputado Aécio Cunha, teve outra serventia e abriu espaço aos tucanos para falar do segundo turno da disputa presidencial e apresentar a conta política de Minas Gerais para virar o jogo favorável à adversária petista Dilma Rousseff.

Assim, além de preservar o projeto de poder de Minas, com Aécio Neves candidato à Presidência em 2014, o tucanato local quer que Serra mude a campanha e adote o figurino e o discurso de candidato da oposição. E mais: pedem ousadia na apresentação de propostas para mudar a vida do eleitor, a começar pelo fim do fator previdenciário.

Foi neste clima que o deputado estadual Domingos Sávio (PSDB-MG), no embalo das urnas que na véspera o promoveram a deputado federal, tomou o braço de Serra pela mão e desceu as escadas da Assembleia Legislativa de Minas, onde ocorria o velório de Aécio Cunha, e cochichou sua proposta: "O senhor tem de ir para a televisão e anunciar o fim do fator previdenciário. Se o senhor acabar com isto, antes que o PT o faça, a gente ganha a eleição".

Serra não disse nem que sim, nem que não. Ouviu com a atenção devida ao interlocutor que, sete meses atrás, arriscara uma campanha para que Aécio aceitasse ser seu vice na corrida sucessória, como forma de facilitar a vitória do PSDB sobre o PT de Lula e sua candidata.

O fator previdenciário é um sistema de desestímulo à aposentadoria precoce, uma vez que o INSS paga uma pensão maior ao aposentado que adiar a decisão de se aposentar. Nos primeiros dez anos de vigência, o método gerou economia para os cofres públicos calculada em R$ 10 bilhões. Caso seja extinto, a despesa deverá voltar a crescer.


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