Tudo começou há 12 anos, com o trabalho praticamente solitário da jornalista Âmbar de Barros em Brasília. Com sua experiência, passou a municiar os colegas das redações de jornais e revistas com notícias e pautas sobre crianças e adolescentes, dentro de um novo enfoque de desenvolvimento social, denunciando abusos e dando destaque às iniciativas que começavam a surgir em favor das crianças e dos jovens. A idéia prosperou e se transformou em uma das mais respeitadas e premiadas ONGs do Brasil, a Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância). Hoje, tem a segunda maior redação de Brasília, com 68 profissionais, e um orçamento anual de cerca de R$ 2,5 milhões. Em 2003, selecionou e analisou 115 mil reportagens sobre o tema infância em 60 jornais e dez revistas do País e seu site registra 150 mil acessos/mês. Com o sucesso, reconhecido em todo o mundo através de 13 prêmios internacionais, a Andi se expandiu para a América Latina, onde coordena hoje uma rede de ONGs voltada para a divulgação de temas relacionados à infância e adolescência em oito países sul-americanos e da América Central.

A idéia da Andi Latino-Americana, que completou nessa semana um ano de fundação, garantiu à matriz brasileira o seu prêmio mais recente. A nova rede, destinada a promover os direitos de crianças e adolescentes na América Latina pela atuação dos meios de comunicação, foi considerada pelo Global Development Network, organismo social internacional financiado pelo Banco Mundial, como um dos três projetos mais inovadores do mundo, entre 250 concorrentes. Para Ulisses Lacava, membro da diretoria da Andi e secretário-executivo da Andi Latino-Americana, as oito ONGs que formam a rede utilizam a metodologia criada e aperfeiçoada no Brasil. “Nosso modelo foi escolhido pelas próprias organizações sociais que integram a rede. É um motivo de satisfação saber que uma tecnologia social criada no Brasil está sendo usada por outros países latino-americanos, em vez de serem importados modelos oriundos dos países ricos”, afirma.

O trabalho na América Latina começou em janeiro, quando as ONGs passaram a monitorar 61 jornais e revistas na Argentina, no Paraguai, Bolívia, Venezuela, Colômbia, Costa Rica, Guatemala e Nicarágua. Elas emitem três boletins – um diário e dois semanais –, com a resenha de todas as notícias relacionadas à infância, uma agenda de eventos e propostas de pautas e temas para desenvolvimento pela mídia. Os boletins circulam em cada país. Há ainda um noticiário semanal feito pela Andi do Brasil, com um balanço das notícias mais importantes publicadas na mídia latino-americana. “Vamos ter também dois sites na internet: um sobre a América Latina e outro baseado na Ação 17, projeto em conjunto com o Unicef, destinado a apoiar os jovens em todo o mundo”, informa Lacava. Este site tem como alvo os jovens do universo ibero-americano, além da América Latina, de Portugal e Espanha e, no futuro, os demais países de língua portuguesa. Lacava destaca ainda que o número de países integrantes da rede chegará a 15 em 2007. ONGs do Equador, Peru e México estão em fase de escolha de representantes para se integrarem à rede já no próximo ano. Também são parceiros da Andi o Unicef, Unesco, OIT, Fundação Avina, Petrobras, Save The Children Suécia, União Européia, Instituto Ayrton Senna e Fundação Banco do Brasil, entre outras instituições.