De hoje até 31 de outubro, serão dias de intensa guerra política, de bombardeios na internet e de paixões exacerbadas. Quem é melhor: Dilma Rousseff ou José Serra? Os oito anos de Lula ou os de FHC? Por mais que os partidários de um lado e de outro tentem acentuar as diferenças, o fato concreto é que há muito mais semelhanças entre os dois partidos, assim como entre os candidatos. Tanto nos acertos como nos erros. Ambos são filhos de 1964, pensam de forma parecida em relação à economia – são intervencionistas – e representam os dois lados de uma mesma moeda, a da social-democracia. Podem diferir na ênfase e na intensidade dos gastos sociais, mas isso se dá na ­margem, e não na essência.

Qual será o país que qualquer um dos dois encontrará no dia 1º de janeiro de 2010? Uma economia rodando a 7% ao ano, sem inflação, com dívida interna cadente e mais de US$ 270 bilhões em reservas. Um quadro tão benigno que será a primeira vez que alguém chegará ao poder sem incêndios econômicos para apagar. O Brasil de hoje, além de credor internacional, não só é a bola da vez dos investidores globais como também iniciou, de fato, um longo ciclo de crescimento sustentado – e que está apenas começando.Mantendo-se o ritmo de expansão do PIB acima de 5% ao ano, o que é plenamente factível, o Brasil seria, ao fim de 2014, uma economia de mais de R$ 5 trilhões, com renda per capita de um país não mais emergente, mas já relativamente desenvolvido. É possível estragar? Sempre é possível. Mas ainda que Dilma ou Serra cometessem dez erros por dia, o que certamente não farão, o Brasil ainda estaria fadado ao sucesso. E não só por mérito próprio e por ter a casa arrumada. O mundo de hoje assiste a uma enorme transformação, que inverteu os papéis das nações ricas e emergentes. Os países em desenvolvimento já são os motores da expansão global e, em 20 anos, retiraram 520 milhões de pessoas da pobreza. O resultado é um mundo que demanda e valoriza cada vez mais aquilo que o Brasil exporta, como alimentos, minérios e produtos industriais. Em resumo, nunca fomos tão necessários para o resto do planeta.

Isso basta para chegar ao chamado Primeiro Mundo? Evidente que não. O Brasil ainda tem desafios gigantescos na educação, na saúde, na segurança e na infraestrutura. E ainda terá que estar pronto para dois acontecimentos de porte global: a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Pode parecer muito, mas a diferença é que hoje, ao contrário de outras épocas, o País possui recursos para enfrentar todos esses problemas. E qualquer que seja o vencedor do dia 31, ele não sairá do trilho.


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