Só mesmo Mickey Mouse para chegar aos 75 anos em plena forma e com o status de objeto de desejo feminino. Depois de encantar crianças e marmanjos com seu parque e suas histórias, o camundongo – que nunca foi modesto – se transformou em ícone fashion. Habituado com a fama, tem se saído muito bem no novo papel. Mr. Mouse estampa camisetas da dupla italiana Dolce & Gabbana e de grifes bacanas direcionadas ao público adulto, ou melhor dizendo, adultescente ou kidult (pessoas que resgatam suas preferências da infância e se orgulham disso). Mas a febre Disney não se resume ao saudosismo. É impossível ignorar o apelo hype das peças estampadas pelo camundongo ou por outros personagens como Pateta, Minnie, Zé Carioca e Sininho.

O layout das figuras de Walt Disney pode ser vintage – como antigamente – ou moderninho. As estampas são variadas e surgem em diversas opções, bordadas, cravejadas ou com apliques. A consultora de moda Costanza Pascolato, por exemplo, optou por uma camiseta do Mickey adornada com strass. O mimo foi comprado em uma loja descolada de Londres. “As primeiras versões apareceram no underground da moda londrina, impulsionadas pelas comemorações dos 75 anos de Mickey e pela onda kidult. No Brasil, o pontapé inicial foi dado lindamente por Alexandre Herchcovitch no inverno de 2003”, explica Costanza, referindo-se à coleção do estilista inspirada nos anos 50, em bailes e em princesas, que tinha Branca de Neve e amigos como referência. Foi naquela estação que a blusa de Mickey feita por Herchcovitch vestiu a atriz Sarah Jessica Parker na série cult Sex and the city, lançando tendência e causando frisson mundial.

Por aqui, é possível relembrar os áureos tempos pueris e fazer uma linha descolada adquirindo camisetas Disney – a preços de gente grande – na butique paulistana Daslu e na loja Doc Dog. Os modelos desenvolvidos na Daslu custam em torno de R$ 280. Ali, o correto Mickey divide a preferência das clientes com o malandro Zé Carioca, tipicamente brasileiro. Na modernosa Doc Dog, ninguém é mais assediada do que a fada Sininho, que estampa camisetas por R$ 116. O malvado Capitão Gancho, quem diria, também acumula admiradores. No mesmo espaço em que Mickey brilha em um inusitado traço japonês da década de 50 garimpado por Thaís Carneiro, sócia-proprietária da marca e fã da turma desde pequena.