img1.jpg
FLORES PARTIDAS
Mariana pagou por um buquê, mas levou apenas quatro botões de rosa

A princípio, parecia uma ótima oferta. O portal de vendas online anunciava um vistoso buquê de flores de R$ 149,90 por R$ 49,90. Pensando no aniversário de sua mãe dali a quatro dias, a advogada paulistana Mariana Lahoz, 27 anos, resolveu aproveitar a promoção. “Eu nunca havia comprado nada pela internet por medo”, diz Mariana. “Mas o buquê parecia tão bonito e barato que decidi arriscar.” O que ela não sabia é que essa poderia ser sua primeira e última aquisição na rede. Depois de enfrentar problemas com o cadastro de seu cupom no site da floricultura, a advogada teve uma ingrata surpresa. “Quando finalmente pedi a entrega do buquê, fui informada de que ele estava esgotado”, conta. Mariana recorreu ao SAC do portal e conseguiu enviar o presente na data certa, porém as flores que sua mãe recebeu eram bem diferentes das que comprara. “Chegaram só quatro botões de rosa e um lírio numa caixa. Nem dava para chamar aquilo de buquê.”

O problema enfrentado por Mariana é uma das consequências de um novo modelo de comércio que chegou ao País em março e já apresenta resultados admiráveis. Em apenas seis meses, foram abertos no Brasil 20 sites de compras coletivas, nos quais são anunciadas ofertas diárias de produtos e serviços com descontos que chegam a 90%. Baseadas no conceito da compra em escala, tais promoções tornam-se válidas a partir da aquisição de um número mínimo de unidades, estipulado pelos fornecedores. Nos Estados Unidos, país que em 2008 deu origem a esse tipo de varejo online, existem atualmente cerca de 200 portais. Por aqui, o site Peixe Urbano foi o primeiro a se estabelecer e hoje se mantém líder de mercado. No final de agosto, a empresa anunciou ter ultrapassado a marca de um milhão de cadastrados, estando presente em mais de 15 cidades.

img.jpg
CONTRAMÃO
Daniella queria fazer massagem num spa. Acabou na manicure

O tamanho do negócio também posiciona o Peixe como o campeão de reclamações em seu segmento no site Reclame Aqui. Até o dia 28 de setembro, havia 209 queixas. Uma delas partiu da dona de casa Daniella Vaz, 35 anos. Fisgada por uma oferta que prometia duas horas de cuidados para o corpo em um spa de São Paulo, Daniella comprou um tratamento para mãos e pés, mais massagem corporal, de R$ 220 por R$ 59,40. “Ao chegar ao local tomei um susto”, conta. “O dito spa era, na verdade, um simples salão de beleza, com pouca estrutura e péssimo atendimento.” Aquilo que parecia ser uma oportunidade para relaxamento acabou se revelando uma fonte de estresse. “Não pretendo realizar mais compras sem, pelo menos, checar o local antes”, diz.

Segundo Julio Vasconcelos, fundador do Peixe Urbano, a escolha dos fornecedores parceiros é um processo criterioso e vem sendo aprimorado. “Tenho equipes que visitam os estabelecimentos de cada cidade onde oferecemos nosso serviço”, afirma. “Porém, erros ainda são passíveis de ocorrer. E estamos cientes de nossa corresponsabilidade.” Ele explica que, no caso de uma insatisfação ou impossibilidade de usufruir o artigo comprado, os consumidores têm duas opções: pedir o estorno do pagamento ou receber o que foi pago em créditos para futuras compras no próprio site. Para Pedro Guasti, diretor da consultoria e-bit e membro do Movimento Internet Segura, a tendência dos portais de compras coletivas é irreversível. “Como se trata de um modelo muito recente de e-commerce, ainda há arestas para serem aparadas”, declara Guasti. “Estipular um número máximo de ofertas vendidas por estabelecimento pode ser uma forma de garantir um bom atendimento a todos.”

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

G_compras-1.jpg

 

 


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias