Deborah Secco fez, Priscila Fantin também e Juliana Knust e Giovanna Antonelli aderiram. A onda pegou ainda o ator Sérgio Marone e a veterana Solange Couto. Ou seja, todos – ou quase todos – os corpinhos que interessam se renderam à mais nova fórmula de emagrecimento da moda no País: a dieta ortomolecular. O regime é a palavra da vez quando o assunto é perda de quilos extras. Boa parte de sua fama se deve ao fato de ele ter sido apontado pelas estrelas globais como a razão para suas silhuetas enxutas. “Depois que elas apareceram nos jornais falando que adotavam a dieta, o movimento no meu consultório dobrou”, conta a cardiologista Heloísa Rocha, médica carioca preferida entre os atores adeptos do regime.

Mas o que faz essa dieta atrair tanta gente? A princípio, é difícil encontrar uma grande diferença em comparação com outros regimes. O cardápio é parecido com o da reeducação alimentar, a orientação mais moderna dada pelos médicos aos gordinhos. Tanto na ortomolecular quanto na reeducação, come-se várias vezes ao dia porções pequenas e pouco calóricas. Por isso, dá-se preferência a frutas, legumes, verduras, peixes, aves e cereais integrais. Recomenda-se também restringir o consumo de carne vermelha, ovos e fritura. Tiram-se ainda da mesa os doces, enlatados e alimentos industrializados.

Até aí, como se vê, nada de mais. A diferença está na combinação desse feijão-com-arroz com a teoria-base da medicina ortomolecular. A tese central deste método, que já tinha feito certo barulho nos anos 90, é a de que a vida corrida de hoje impede a ingestão adequada de vitaminas, sais minerais e aminoácidos (pedaços de proteína), nutrientes essenciais para o corpo. De fato, as vitaminas e os minerais, por exemplo, combatem os radicais livres, moléculas que apressam o envelhecimento celular. Por isso, segundo a técnica, é preciso dar ao organismo uma suplementação dessas substâncias para que as células reencontrem sua energia. Orthos, aliás, vem do grego, e significa correto. Seria algo como “moléculas no funcionamento certo”. De acordo com a dieta ortomolecular, ao equilibrar a disposição desses compostos e garantir uma alimentação saudável, o metabolismo melhora, facilitando a perda de peso. “O método também aumenta a qualidade de vida do paciente”, afirma a médica Cláudia Calixto de Andrade, do Rio, praticante da ortomolecular.

Segundo o método, a complementação deve ser feita individualmente. Para descobrir o que e quanto falta em cada um, recorre-se a alguns testes. O exame de sangue detecta quais vitaminas e aminoácidos estão em déficit. Já para saber a quantidade de minerais necessária é preciso fazer a análise dos fios de cabelo. O diagnóstico também aponta metais em excesso. Alumínio demais, por exemplo, causa irritação gastrointestinal e cólicas. Se o problema for detectado, indicam-se vitaminas e minerais, entre outras substâncias, para neutralizar seus efeitos.

A suplementação é oferecida em pó, comprimidos ou injeções. A escolha depende da preferência pessoal. Há quem tome uma média de 30 cápsulas num só dia. O tempo de emagrecimento varia. Os melhores resultados são acompanhados da prática de exercícios, outra recomendação do método. É o caso da atriz Solange Couto, 48 anos. Há três meses, ela buscou ajuda da médica Heloísa Rocha. “Disse que queria perder 17 quilos e ela falou que eu conseguiria. Quarenta dias depois estava do jeito que pedi”, conta a atriz, agora com 68 quilos. Solange, que passou por uma lipoaspiração após a dieta, também faz exercícios três vezes por semana.

As peculiaridades da ortomolecular fazem com que seus seguidores apontem vantagens do método em relação às demais dietas. Eles afirmam que não só a silhueta melhora. A pele fica mais viçosa e o cabelo e as unhas fortificados, argumentam. A atriz Juliana Knust, 23 anos, assina embaixo. Ela perdeu 3,5 quilos em um mês e garante que obteve outros benefícios. “Minha pele e meu cabelo ficaram melhores”, conta. Fome, fraqueza ou irritabilidade, sensações comuns quando se restringe alimentos, também não fazem parte do cardápio dos pacientes, segundo os médicos. Isso porque muitas vezes associa-se o uso de remédios fitoterápicos (à base de plantas) na receita. Há fórmulas para aumentar a saciedade ou diminuir o desejo por tipos de alimentos. “O composto garcínia, por exemplo, ajuda a reduzir a compulsão por doce”, garante a médica Sylvana Braga, de São Paulo, que emprega o tratamento.

O ator Sérgio Marone, 23 anos, credita à garcínia parte de seu sucesso contra o peso. “As guloseimas eram meu maior problema”, conta. Ele segue a dieta há seis meses. Desde então, passou de 96 quilos para 92. As receitas da ortomolecular também funcionariam, de acordo com os especialistas, para resolver desconfortos da tensão pré-menstrual. Para a atriz Giovanna Antonelli, 29 anos, elas diminuíram sua vontade de comer doce nesse período. A bela emagreceu cinco quilos. “Nunca me senti tão saudável”, conta. A atriz Priscila Fantin perdeu oito quilos e teve alívio de incômodos como a retenção de líquidos. “Ela está satisfeita e continuará o tratamento”, diz sua mãe, Silvana. Já o empresário paulistano Cláudio Pinto, 32 anos, baixou de 69 para 67 quilos e assegura ter ganhado energia para o triatlo (modalidade que mescla natação, corrida e bicicleta). “Tenho mais gás para treinar”, garante.

Os médicos reconhecem que os benefícios só são possíveis para quem tem disciplina – como em qualquer regime. “Não se trata de uma fórmula milagrosa. É preciso cuidar da alimentação e praticar exercícios”, observa Ronaldo Leão Abud, médico ortomolecular (SP). A universitária Paloma de Cristofaro, 19 anos, aprendeu a lição. Ela recorreu à dieta porque estava engordando. Os ponteiros da balança marcaram oito quilos a menos. “Mas relaxei e voltei a engordar. Vi que preciso adotar hábitos saudáveis sempre”, diz.

Na medicina ortomolecular, inibidores de apetite não fazem parte da maioria dos receituários. Mas alguns especialistas às vezes lançam mão dessas drogas no início do tratamento. “Se o indivíduo está obeso e tem dificuldades para entrar no regime, adoto o recurso inicialmente”, diz Heloísa Rocha. Os próprios médicos da área alertam que, como em todo tratamento, é preciso cautela. Se a dose recomendada de nutrientes for exagerada, o tiro pode sair pela culatra. A vitamina A, por exemplo, quando ministrada em altas quantidades, causa queda de cabelo.

Porém, se o problema se limitasse a esse ponto, a situação seria mais simples. Apesar de reconhecer que os radicais livres têm papel no envelhecimento celular, muitos médicos garantem não haver estudos sérios comprovando o papel de vitaminas e minerais no combate a esses inimigos. E se mostram preocupados diante da nova moda. “Não existe prova científica de que a ortomolecular ajude a tratar a obesidade. Recebo pacientes que a experimentaram e depois voltaram a engordar. É uma ilusão”, critica o endocrinologista Walmir Coutinho, vice-presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades de Obesidade.

Nos Estados Unidos, o Instituto Nacionalde Saúde também não recomenda o método. Aqui, a ortomolecular não é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). É vista no campo da medicina complementar, e com reservas. O conselho possui uma resolução na qual permite que o método seja usado apenas em determinadas situações – quando o corpo está intoxicado por metais pesados, por exemplo. Para tratar a obesidade, o CFM proíbe a prática. “Qualquer denúncia será apurada”, avisa Edson de Oliveira Andrade, presidente da entidade. Outro entrave é o preço. Desembolsam-se em média de R$ 100 a R$ 2 mil por mês, dependendo da quantidade de suplementos a ser tomada. Sem contar a consulta, que gira em torno de R$ 20