O deputado Severino Cavalcanti, até o fechamento desta edição, ainda era o presidente da Câmara
dos Deputados. Para se defender, em meio às acusações de cobrar propina do concessionário do restaurante da Câmara, ele disse, entre outros argumentos, que pode tropeçar nas palavras, mas
não é corrupto. Declarou, também, segundo Caio Blinder, correspondente da Jovem Pan em Nova York, que houve um leilão entre três revistas semanais para adquirir o material que comprovaria que ele tomava dinheiro do sr. Sebastião Augusto Buani, dono do Fiorella, restaurante do décimo andar do Anexo IV, da Câmara dos Deputados, em Brasília. Isso comprova que, de fato, o ainda presidente da Câmara realmente tropeça nas palavras. Como leilão, entende-se a venda de objetos pelo maior lance pecuniário. Objetos, no caso, seriam as informações que comprometeriam o presidente da Câmara no achaque ao dono do tal restaurante em Brasília. Sabe-se também que o vencedor de um leilão é quem deu a maior oferta de dinheiro para obter a mercadoria em disputa.

Tivesse lido a reportagem publicada por ISTOÉ, em sua edição da semana
passada, sob o título “Da pizza ao forno” – ou, se leu, tivesse entendido –, o
deputado se pouparia de tropeçar nas palavras. Ou pelo menos seria mais cuidadoso com o seu uso. Lá se lê que ISTOÉ não participou de leilão, não
deu nenhum lance por mercadoria nenhuma, publicou o e-mail que ofertava a
informação e, acrescente-se, no contato que teve com quem oferecia as
denúncias, o repórter Luiz Cláudio Cunha, da sucursal de ISTOÉ em Brasília,
frisou que a redação desta revista não paga por informações.

Quanto à segunda parte de sua argumentação, aquela que aborda o fato de
ele ser ou não ser corrupto, resta ao ainda presidente da Câmara dos Deputados, em que pese o ônus da prova, demonstrar que é mentira tudo aquilo que sobre
ele disse o dono do restaurante em entrevista coletiva na quinta-feira 8, em Brasília.