i104166.jpg

Flagra PF gravou Padilha enviando funcionário de seu gabinete à empreiteira

 

No inquérito no qual o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) é acusado de tráfico de influência e fraudes em licitações, revelado na semana passada por ISTOÉ, o Ministério Público e a Polícia Federal também investigam indícios de lavagem de dinheiro e a evolução patrimonial de várias pessoas supostamente ligadas ao esquema. O documento da PF mostra que o grupo do empreiteiro Marco Antonio Camino, dono da MAC Engenharia, intermediou a contratação da Cotação DTVM Empresa de Câmbio Internacional para provavelmente realizar os negócios do grupo na área financeira. A Cotação DTVM negou a acusação e afirmou que "não fez operações para o grupo de Camino".

A PF acredita que os desvios de dinheiro de obras de infraestrutura tenham alcançado R$ 300 milhões. Consta do inquérito que Camino pagou duas parcelas de R$ 100 mil a Padilha, mas o deputado afirma que a negociação envolve a compra de uma casa. A PF constatou ainda que a Fonte Consultoria Empresarial, registrada em nome de Padilha, recebeu R$ 267 mil da MAC. O deputado, porém, diz que este dinheiro seria o pagamento por serviços prestados a outra empreiteira, a Magna Engenharia.

Nos relatórios da PF constam tabelas com suposto enriquecimento ilícito de várias pessoas ligadas ao esquema que se formou no Rio Grande do Sul em torno de fraudes em licitações, desvio de dinheiro de merenda escolar e fraudes no Detran. Além de Padilha, a PF investiga funcionários do deputado. Um dos investigados chama-se Luciano. Numa escuta feita com autorização da Justiça, Padilha pergunta ao empresário Camino: "Você conhece o Luciano daqui (do seu gabinete)?" Camino diz que sim e pede que Luciano passe na MAC Engenharia. ISTOÉ fez contato com o funcionário, Luciano Celaro, que trabalha no gabinete de Padilha no Rio Grande do Sul. Mas ele negou conhecer Camino. "Jamais estive na sede da MAC Engenharia", garantiu Luciano.

"É necessária uma investigação profunda, para esclarecer se houve desvios. É caso para quebra de sigilo bancário"

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Muitos parlamentares querem abrir investigação sobre o esquema. "É necessária uma investigação profunda, para esclarecer se houve desvios. É caso para quebra de sigilo bancário", afirma o presidente interino do Conselho de Ética da Câmara, Sérgio Moraes (PTB-RS). O corregedor da Casa, ACM Neto (DEM), diz que o órgão pode agir, mas só "se for provocado". O PSOL está analisando o caso para decidir se provoca a Corregedoria. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDBSP), afirmou, por intermédio de sua assessoria, que está "muito tranquilo com as explicações que Padilha deu a ele". Esta também é a posição da maioria do PMDB. Mas o vereador Pedro Ruas (PSOL) acha que as provas são fortes.

"O Padilha está liquidado", acredita. "O Padilha é muito poderoso, tem muita relação com o governo e não é fácil derrubá-lo", diz a deputada Luciana Genro (PSOLRS). Com a autoridade de quem conduziu a CPI do Detran, o deputado estadual Fabiano Pereira (PT) vai pedir acesso às informações do inquérito sigiloso. "Precisamos saber se houve prejuízos para órgãos estaduais, pois as barragens e as obras rodoviárias citadas são conduzidas pela governadora Yeda Crusius", afirma o deputado. "Se chegarmos a essa conclusão, haverá um fato específico para abertura de CPI na Assembléia."


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias