Hábitos alimentares de estudantes recém-chegados dos Estados Unidos e as confusões do núcleo mexicano do folhetim global América têm apimentado as cozinhas brasileiras. Fusão fast-food das culinárias texana e mexicana, as delícias “tex-mex” vêm conquistando paladares, enquanto na capital paulista o restaurante El Kabong vê o movimento crescer expressivamente depois da novela. No Recife o Artes y Tacos vende até 150 tacos (tortilla frita com recheio) por noite. Criado pelo uruguaio Gustavo Soto há mais de um ano, o espaço é disputado entre os pernambucanos. “Comecei com duas tendas e hoje tenho uma casa pequena, mas lotada”, conta o proprietário do Artes y Tacos.

Como o forte da gastronomia mexicana são os pratos à base de milho, como as tortillas (massa tipo panqueca), os burritos (tortillas recheadas com carne e
queijo e enroladas) e os já mencionados tacos, é comum também que experts
da gastronomia reivindiquem seu espaço dentro da onda “tex-mex”. Para o
cozinheiro Hugo Delgado, do restaurante Obá, de São Paulo, a verdadeira comida mexicana é pouco conhecida no Brasil para que tacos e burritos sejam vendidos como se fossem Big Macs. “Tacos fritos em forma de “U” não são mexicanos. Os nossos são levemente fritos e bem enrolados. Já as fajitas (tirinhas de frango ou carne com pimentão) são tex-mex e não mexicanas”, diz. Entre as iguarias do restaurante de Delgado está o mais caseiro de todos os pratos mexicanos, o mole verde, feito com frango em molho de sementes de abóbora. Algo bem parecido com nossas receitas típicas de fazenda.