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Existe alguma empresa com mais de 180 diretores no seu staff de executivos? Bastante improvável, não? Afinal, na era da globalização, da busca de resultados e da eficiência acima de tudo, seria abominável em qualquer organização manter quadros tão inchados. Mas eis que a corporação do Senado brasileiro decidiu contrariar a regra e manter ele próprio, em sua estrutura, uma inexplicável lista de 181 diretores comissionados, com benefícios os mais variados e a regalia da estabilidade pública. Lá é possível encontrar diretoria para tudo. Diretor de faxina, diretor de manutenção de ar-condicionado, diretor de controle da garagem, de instalações especiais. Tem diretor para dirigir o que outro diretor deixou de fazer. É a massificação desavergonhada dos altos postos. Lembra a velha fábula dos personagens que adoravam se identificar com o bordão: "Sou da Diretoria." No Congresso Nacional, qualquer um é. Com carteira assinada, crachá e tratamento especial. Descoberta a malandragem, os parlamentares- patrões repetiram o cacoete da cara de surpresa. Diziam não saber sobre algo que eles mesmos autorizaram a existir e funcionar. O novo presidente da Casa, José Sarney, de pronto bradou que iria afastar 130. Depois reviu para 50% do quadro. A semana passada terminava com esse número reduzido a meros 50 diretores comissionados. Restarão, portanto, outros 131 para fazer o que ninguém sabe. Tais diretores desse clube privilegiado contam, como direitos naturais da função, com carro oficial, telefone celular, vaga em estacionamento coberto e gratificações pelo cargo que indignariam até o presidente Obama – hoje em luta contra os famigerados bônus de diretores que levam corporações à falência. O curioso é saber que, enquanto mantém sua diretoria de felizardos, o Senado resolveu também construir uma cela, com grade e tudo, para quem cometer crimes dentro da Casa. Vai faltar lugar. Naquele Parlamento, a única coisa que parece estar sobrando é dinheiro para gastar. O seu dinheiro, contribuinte.