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EXÓTICO
Vestido de carne usado no domingo 12 no VMA e abaixo, no
dia seguinte, de sutiã e calcinha no aeroporto
 

Lady Gaga se superou. No domingo 12, a cantora conquistou nada menos do que oito prêmios no Video Music Awards 2010, celebração da MTV dos Estados Unidos que elege os melhores videoclipes da música pop atual. O número só fica atrás do recorde estabelecido pelo roqueiro britânico Peter Gabriel, que em 1987 recebeu nove estatuetas na premiação. Gaga é a primeira mulher a ganhar tal reconhecimento, mas seu feito musical foi ofuscado por mais uma de suas polêmicas. Na noite da festa, a cantora se exibiu com uma roupa de carne, assinada pelo desconhecido designer Franc Fernandez. Além de enfurecer vegetarianos e ativistas das causas animais, a loira platinada do momento conseguiu o que queria: chocar público e crítica mais uma vez. No dia seguinte, foi flagrada no aeroporto trajando calcinha, sutiã e algemas. Em meio ao burburinho do incontestável sucesso musical e de sua obsessão por escandalizar, fica a pergunta: até onde ela pode chegar?

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“Celebridades procuram no exótico e no chocante maneiras de se destacar, de mostrar que são únicas”, diz Teresa Creusa Negreiros, professora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. “Mas o choque é efêmero. É necessário ter talento e competência para fazer a fama durar.” Lady Gaga sabe bem disso. Nascida Stefani Joanne Angelina Germanotta, esta nova-iorquina de 24 anos começou sua carreira compondo canções para Britney Spears, Fergie e Pussycat Dolls. Sua voz marcante chamou a atenção dos executivos da gravadora Interscope, que, em 2008, lançou seu primeiro álbum, “The Fame”. Misturando referências sonoras e visuais de ídolos como Fred Mercury, Cher, Grace Jones, Cyndi Lauper e claro, Madonna, ela conquistou admiradores e críticos no mundo todo. Já na estreia, emplacou hits como “Just Dance”, “Poker Face” e “Paparazzi”. O segundo, “The Fame Monster”, em 2009, a alçou à condição de diva.

Mais do que discos, Lady Gaga vende imagens. Os números ao seu redor impressionam. Em agosto de 2010, tornou-se a pessoa com mais seguidores no microblog Twitter, ultrapassando cinco milhões. Seus videoclipes atingiram a marca de um bilhão de visualizações no YouTube. Ainda neste ano, foi escolhida a celebridade mais influente do mundo pela revista “Time” e a quarta personalidade mais poderosa pela “Forbes”. De junho de 2009 para cá faturou mais de US$ 62 milhões e associou sua imagem a grandes marcas como Polaroid, Coca-Cola e M.A.C. “Gaga é um caso bem-sucedido de marketing pessoal. Ela inventa personas para manter o interesse do público. Suas facetas são descartáveis, algo condizente com a sociedade contemporânea”, diz Teresa.

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Apesar de a cantora assumir que seus vídeos, suas músicas e maneira de vestir são uma ilusão, ela tem provocado a ira de personalidades como a escritora Camille Paglia, que a criticou em um artigo para o jornal “Sunday Times”. No texto, a intelectual declara que Gaga representa a morte do sexo, pois explora o tema apenas para aparecer, e questiona se ela é parecida com Madonna. A atual lady do pop, assim como sua musa, utiliza símbolos religiosos e sadomasoquistas e também sai em defesa dos gays. Uma declaração sua no talk show da apresentadora lésbica Ellen Degeneres, no dia 13 de setembro, contra a política de repressão homossexual nas Forças Armadas, fez com que Harry Reid, líder da maioria no Senado americano, anunciasse o veto a uma medida do Exército que proibia soldados de assumirem sua opção sexual. Prova inequívoca da influência de Gaga, fenômeno estético e cultural que até agora não parece nem um pouco disposto a sair do topo. Resta saber qual é seu fôlego.