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HISTÓRIA
Primeiro escassearam as cabines (abaixo). Depois,
os célebres ônibus de dois andares
 

Os cerca de 26 milhões de turistas que visitam Londres todo ano podem ficar confusos diante de tantas atrações, mas nunca saem de lá sem fotos ao lado de ícones como o telefone vermelho, o ônibus de dois andares e os táxis pretos. Quem já esteve lá deve guardar os registros com carinho, pois esses símbolos estão desaparecendo da paisagem londrina. As cabines telefônicas, de 1924, obsoletas com a proliferação dos celulares, são cada vez mais difíceis de serem encontradas. E sobraram poucas unidades dos tradicionais ônibus Routemaster, da década de 1950, substituídos por double deckers mais modernos. Agora o cartão-postal em extinção são os black cabs, táxis pretos de formato arredondado e visual clássico, que carregam passageiros pela capital inglesa desde 1958. Esses veículos podem estar com os dias contados ou, na melhor das hipóteses, se tornar apenas isso: atração turística.

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O problema é a chegada de modelos com tecnologia mais moderna. A ameaça ao tradicional, fabricado pela London Taxis International (LTI), surgiu há dois anos, quando a Mercedez-Benz recebeu autorização para vender a perua Vito, projetada pela Daimler AG. Desde então, o concorrente alemão conquistou 24% do mercado de 22 mil táxis. Além de atender aos rígidos padrões para circular nas estreitas ruas londrinas, construídas na época das carruagens, o novo modelo tem manutenção barata, é confortável e espaçoso e consome menos combustível. O valor, entretanto, é igual, de US$ 54 mil a US$ 62 mil.

Os charmosos pretinhos enfrentam, ainda, outro inimigo. Os táxis comuns, chamados de minicabs. Os motoristas dos black cabs sempre tiveram a preferência dos clientes porque detêm um enorme conhecimento sobre a cidade e suas 25 mil ruas. Mas, com a popularização do GPS e a regulamentação das empresas particulares, o público agora não faz tanta questão dos tradicionais. Sem falar que as tarifas dos modelos da LTI podem custar até o dobro. Quem mora em Londres pode levar tudo isso em consideração, mas não os turistas. Afinal, quem vai até lá quer ter a experiência de fazer sinal para um black cab, conversar com um motorista prestativo e cheio de histórias e ainda mostrar a foto para os amigos na volta para casa.