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Assista ao trailer de "Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme" no player acima

 

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MARCO ZERO
Shia La Beouf, o novo investidor, e as obras do
futuro WTC: mercado em crise

O filme “Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme”, de Oliver Stone, é a  continuação do clássico drama “Wall Street – Poder e Cobiça”. Ambos abordam os bastidores do mercado financeiro. A segunda versão, que estreia na sexta-feira 24, mostra logo em seu início o ex-tubarão das finanças Gordon Gekko (Michael Douglas) recebendo seus pertences ao sair da prisão. Ele tem de volta o seu anel de ouro, seu relógio Rolex, outros apetrechos dourados e, surpresa, um celular do tamanho de um tijolo – fazia tempo que ele fora preso. Na portaria da penitenciária, ao respirar o ar poluído da liberdade, assiste a outro sinal de que o mundo é outro. Um carrão preto espera alguém, mas não ele, o antes todo-poderoso. O manda-chuva agora é um rapper, solto também naquele momento. A ação, que  se passa em 2001, salta sete anos no tempo e aí não se tem mais dúvidas: sem a imponência das Torres Gêmeas, antes avistada de qualquer escritório do sul de Manhattan, o distrito financeiro de Nova York se encontra à beira de afundar no “Marco Zero”.

Nos oitos anos em que esteve atrás das grades, muita coisa mudou também na vida do ex-investidor Gordon Gekko. Sua mulher pediu o divórcio, seu filho morreu e o único familiar que restou, a filha Winnie (Carey Mulligan) se afastou dele por responsabilizá-lo pela dissolução de sua família. E o pior: sua fortuna de US$ 50 milhões foi reduzida a nada. Mesmo assim, Gekko conserva seu temperamento e usa agora o clássico bordão de quem respira dinheiro para se dar bem como escritor. O livro que lança chama-se justamente “A Ambição é Boa?”. Pergunta agora tola. Se em 1987, “Wall Street – Poder e Cobiça” foi a cartilha de yuppies recém-saídos da universidade, a sua continuação mostra que aquele lema virou regra geral. Na época do primeiro filme, Stone ficou perplexo ao ver que seu vilão havia se tornado modelo para uma geração de jovens: “Era incrível a quantidade de  homens que me paravam na rua para dizer que foi  o filme que lhes deu a vontade de fazer carreira em Wall Street”. 
 

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“Não sabia que esses garotos com MBA
tinham Gordon Gekko como modelo”
Michael Douglas (em pé)

 

Para se aproximar da filha e reparar erros do passado, Gekko se alia ao genro, Jacob Moore, um precoce investidor na área de novas tecnologias. O jovem quer se vingar de um inescrupuloso executivo de um banco de investimentos, que teria causado a falência do seu mentor, Lewis Zabel (Frank Langella). O banqueiro, vivido por Josh Brolin,  vai saber por que Gekko tem essa fama. Quando encarnou o personagem há 23 anos,  Douglas era identificado por comédias românticas e deu um salto em sua carreira. Ganhou um Oscar. Marcado pelo tempo, seu Gordon Gekko pós-crise financeira ainda impressiona.  A revelação, em agosto passado, de que lutava contra um câncer de garganta só aumentou o lado trágico desse personagem emblemático dos tempos passados e dos tempos atuais.