Basta um olhar atento para notar as semelhanças com nossos parentes mais próximos, os chimpanzés. Elas estão nos olhares, nos gestos e até na troca de cafunés. Na semana passada, um estudo elaborado por 67 cientistas dos Estados Unidos, Israel, Itália, Alemanha e Espanha foi mais longe e comparou os genes humanos com os dos chimpanzés.

Do ponto de vista científico, essa análise só perde em importância para o mapeamento dos genes humanos, publicado em 2001. Essa comparação genética comprovou que compartilhamos 96% dos genes com nossos primos primatas. E que humanos e chimpanzés são dez vezes mais parecidos geneticamente do que ratos e camundongos.

Dessa análise também foi possível pescar algumas diferenças surgidas desde
que as duas espécies se separaram, há seis milhões de anos. No processo
de evolução, certos genes humanos sofreram mutações, principalmente nas
áreas que dizem respeito à linguagem, ao raciocínio e à articulação motora. Quais foram as mudanças, em quais genes e o que nos identifica como humanos
são questões sem resposta.

“Comparar o genoma humano com o de outros organismos é uma conquista histórica e uma ferramenta extremamente poderosa para entender nossa própria biologia”, resumiu Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano. Além disso, o estudo abre caminho para descobertas com implicações para a saúde humana. A partir desse mapeamento, espera-se achar pistas genéticas para entender parte de nossa complexidade e buscar tratamento para certas doenças.

Cientistas, advogados e ativistas aproveitaram a notícia para defender os direitos
dos chimpanzés de não serem cobaias. Eles alegam que as informações genéticas deveriam beneficiar tanto humanos quanto chimpanzés. E lembram que a destruição das florestas e o avanço das cidades ameaçam nossos primos, que correm sério risco de desaparecer.