Não será por falta de tecnologia que as doenças cardíacas deixarão de ser precocemente diagnosticadas. Isso porque os equipamentos de diagnóstico por imagens estão cada vez mais avançados, sincronizados com a necessidade de obtenção de descrições precisas do que há de errado com o coração. Uma nova geração de equipamentos já disponíveis revela aos olhos de médicos e pacientes detalhes das mais delicadas estruturas, como vasos sangüíneos, ajudando a encontrar o melhor caminho para tratamento. São tomógrafos, aparelhos de ultra-sonografia e de ressonância magnética que estão revolucionando a cardiologia. A importância desses equipamentos para a prevenção e terapia é tanta que o assunto é um dos principais temas do Congresso Europeu de Cardiologia, que acontece esta semana na Suécia.

Entre os destaques está um aparelho de ultra-sonografia que gera imagens do coração em três dimensões (Intelligent Ecocardiographic). Isso permite o exame do órgão sob vários ângulos e posições em tempo real e em movimento. “Em menos de três minutos é possível ver o coração por inteiro e identificar, por exemplo, má-formação e se há seqüelas de infartos. A partir das imagens, sabe-se até se há ou não necessidade de intervenção. É um grande avanço”, explica o médico Marcos Valério de Resende, chefe do Serviço de Ecocardiografia do Hospital São Luiz, de São Paulo. Com função semelhante, o tomógrafo Biografic Sensation 16 é outra arma poderosa. Sua capacidade de gerar imagens em altíssima definição permite descobrir se uma coronária está obstruída sem ser preciso a realização de procedimento mais agressivo, como um cateterismo, por exemplo.

Na verdade, a maioria desses novos modelos de tecnologia oferece essa mesma vantagem. O mais recente deles, por exemplo, o Somaton Sensation Cardiac 64, é capaz de captar até 193 imagens do coração, do tórax e dos vasos sangüíneos por segundo. Com tanta rapidez, fica impossível não detectar qualquer alteração, por menor que seja. Uma de suas funções é avaliar as causas de dores no peito. Outro exemplo de seu desempenho é permitir aos médicos a possibilidade de “reconstruir” o coração a partir de uma imagem. Eles conseguem “extrair” todo o músculo, deixando à vista apenas as coronárias. “No procedimento tradicional, usa-se um medicamento de contraste injetado nos vasos sangüíneos e, depois, raio X. Essa prática foi aprimorada”, diz o médico André Osmo, diretor de Serviços Médicos do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.

Abrangência – Aparelhos dessa magnitude são recomendados para casos específicos, não esclarecidos com os equipamentos convencionais. “Usamos mais quando há suspeitas de alterações que não conseguimos identificar”, afirma o médico Romeu Domingues, da Clínica de Diagnósticos por Imagem, do Rio de Janeiro. É lá que está um dos mais novos e avançados aparelhos de ressonância magnética, o Magneton Avanto. É o único no País que faz exame do corpo inteiro e de maneira quatro vezes mais rápida do que os procedimentos do gênero tradicionais. Essa tecnologia também é muito utilizada na oncologia. Com o retrato do corpo inteiro na tela, pode-se identificar se o tumor se espalhou para outros órgãos.