Pouco conhecida dos brasileiros, a gigante sueco-finlandesa Stora Enso produz sozinha o dobro da produção de papel do Brasil. Dona de um faturamento anual de US$ 15,2 bilhões, a maior produtora de papel e celulose do mundo – em volume de produção – está de olho no mercado tupiniquim. Graças aos fatores climáticos, a produtividade do nosso eucalipto (matéria-prima da celulose) é dez vezes superior à dos pinheiros europeus. Querendo um naco dessa vantagem, a companhia se associou à Aracruz e fez um dos seus maiores investimentos fora da Europa. A maior fábrica de celulose do mundo, construída no sul da Bahia ao custo de US$ 1,2 bilhão, será inaugurada oficialmente no dia 28 de setembro. Batizada de Veracel e operando há dois meses, a sua produção de 900 mil toneladas de celulose será dividida em partes iguais.

A decisão da Stora Enso de investir no Brasil evidencia a mudança de estratégia das grandes indústrias do setor. Há 20 anos, os mercados emergentes (Brasil, Rússia e China) representavam 20% do mercado de papel. A previsão para 2015 é que essa porcentagem dobre. “Uma década atrás, não falaríamos sobre mercados emergentes. Talvez só na Rússia. Agora, nosso foco mudou”, analisa o presidente da Stora Enso, o finlandês Jukka Härmälä. A idéia é aproveitar a convergência entre recursos naturais a baixos custos (que barateia a produção) e o rápido crescimento econômico e a baixa renda per capita (aumento de mercado). Nesse sentido, o investimento da Stora Enso na Veracel pode ser apenas a ponta do iceberg.

Na Europa, a Stora Enso é o resultado da união de duas empresas tradicionais.
Ela foi criada em 1998 a partir da fusão da sueca Stora com a finlandesa Enso. A história da Stora se confunde com a da própria Suécia. E remete ao ano de 1288, data do registro da mina de cobre de Kopparberget. Reza a lenda que o veio de
cobre da mina foi descoberto quando um bode voltou do pasto com os chifres vermelhos. O cobre sueco foi sinônimo de riqueza e poder. Após a coroação em Estocolmo, os reis para lá se dirigiam. No processo de extração do cobre, era necessária uma quantidade enorme de madeira – seja para escorar as paredes, seja para fazer escadas ou queimá-las para facilitar a extração. Daí a origem da
Stora na produção de papel e celulose. No século XVIII, 75% de toda a produção mundial de cobre vinha de Kopparberget, que encerrou a produção em 1922. Pelo visto, a Stora Enso quer fazer das florestas brasileiras de eucalipto uma mina tão lucrativa como foi a de Kopparberget.