Retorno positivo

Significa, portanto, que se você comprar ações da Petrobras não há risco de ter prejuízo? Não é bem assim. No mercado acionário, é impossível dizer se um investimento dará retorno líquido e certo. Uma série de fatores deve ser levada em conta. Desde aqueles que a empresa pode controlar (lançamento de produtos e projetos de sucesso, boa performance financeira) até aspectos externos (crise global, acidentes), que muitas vezes independem da boa administração da companhia. No Brasil, poucos papéis costumam ser tão bem avaliados quanto os da Petrobras. Apesar da queda de sua cotação nas últimas semanas (o que, segundo analistas, seria reflexo das incertezas relativas à capitalização), a Petrobras tem um longo histórico de retornos positivos a seus acionistas. Isso talvez explique por que 61% das maiores corretoras do Brasil indicam compra das ações da empresa nos próximos dias, enquanto 33% delas afirmam que o ideal, para quem já possui papéis da companhia, é mantê-los do jeito que estão. De acordo com o levantamento realizado pela Petrobras, 6% das corretoras não foram precisas nas dicas sobre o que o investidor deve fazer. Detalhe: nenhuma corretora afirmou que é hora de se desfazer dos papéis da empresa. Ou seja, o nível de confiança no sucesso da capitalização é bastante elevado.

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Mesmo assim, é bom que se diga, ainda há riscos. E se o custo de extração do pré-sal for maior do que o projetado pela empresa? “E se a próxima diretoria achar que é mais importante abrir novas frentes de refinaria no Norte e Nordeste do que investir na extração e captação?”, pergunta Bruno Lembi, sócio da M2 Investimentos. As respostas para essas perguntas alteram o humor do mercado e acabam afetando o preço das ações. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, tem dito em entrevistas que o pré-sal é um caminho sem volta e que a empresa não tem nenhuma dúvida em relação ao seu tremendo potencial econômico. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, um dos articuladores da capitalização da estatal, vai além. “A Petrobras ganhará muito dinheiro quando começar a explorar o pré-sal e a União se beneficiará com os dividendos”, diz o ministro. A riqueza, acrescenta Mantega, será distribuída entre todos os acionistas – inclusive os novos e pequenos sócios que optarem por comprar os papéis da empresa nos próximos dias.

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LONGEVIDADE
Jaime Rusinek, gestor de um clube de Investimento, investe há mais de 30 anos na estatal

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"A Petrobras vai ganhar muito dinheiro quando começar a explorar o pré-sal"
Guido Mantega, ministro da Fazenda

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Redução de riscos

Uma maneira de minimizar os riscos de um investimento é diversificar as aplicações. Se você apostar apenas em um determinado tipo de ação, ficará mais suscetível aos seus altos e baixos. Tiago Alberto Milani, 29 anos, trabalha com comércio exterior em São Paulo e, embora tenha ingressado recentemente no mercado acionário, aprendeu essa valiosa lição. Os R$ 10 mil que possui aplicados em uma carteira de ações estão divididos em vários papéis, que serão agora reforçados com investimentos na Petrobras. “Quando vo­cê não entende muito de ações e não tem tempo para ficar acompanhando as suas cotações, o ideal é optar pela variedade”, afirma.

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ESTRATÉGIA
O corretor João Arcoverde vai pegar o FGTS para aplicar em ações da petrolífera

 

Ao compor sua carteira, os especialistas dizem que ela deve ser ancorada por gigantes de reconhecida solidez financeira (bancos, indústrias de atuação global, empresas líderes em seus setores, para citar apenas alguns exemplos). “Quem investe em ações sabe que empresas como Petrobras jamais viram pó”, diz o economista Walter Furtado. No curto prazo, pode haver oscilações. Mas no longo prazo é difícil perder dinheiro com ações de empresas como a Petrobras. Para Fernando Fanchin, analista da Rio Bravo Investimentos, os papéis estão especialmente interessantes porque seu preço caiu recentemente. Robson Gonçalves, professor da FGV Management, concorda. “As ações sofreram muito com a indecisão do governo quanto à capitalização, mas a queda tem pouco a ver com os fundamentos da empresa”, diz Gonçalves. “As oscilações são de curto prazo e me parece uma boa oportunidade de compra.” Entre os grandes especialistas, há opiniões divergentes. O bilionário George Soros, renomado investidor internacional, desfez-se recentemente de todas as ações da Petrobras que faziam parte do seu fundo de investimentos e redirecionou o dinheiro para papéis da Vale.

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DIVERSIFICAÇÃO
Para diluir os riscos, Tiago Milani prefere comprar ações de várias empresas

 
 

O novo lançamento de ações da estatal tem potencial para gerar um choque de capitalismo no País. “A oferta da Petrobras destravou o mercado”, comemora o presidente executivo da BM&FBovespa, Edemir Pinto. Na onda da Petrobras, diz o executivo, novas empresas devem tirar da gaveta projetos de abertura de capital, que andavam paralisados nos últimos tempos graças à crise financeira global. A bolsa espera que a oferta atraia milhares de novos acionistas para o mercado de ações, como ocorreu no início desta década. “A operação da Petrobras certamente vai nos ajudar a cumprir nossa meta de atingirmos cinco milhões de investidores individuais em ações nos próximos cinco anos”, afirma o presidente da BM&FBo­vespa. Com a oferta recorde, a Petrobras também reforça sua vocação para se tornar rapidamente a maior empresa do mundo. O planeta vai depender do petróleo por muitos anos e as projeções de crescimento sustentável da economia brasileira apontam para um cenário favorável à Petrobras, que vai fornecer o combustível necessário para o desenvolvimento do País. Especialistas calculam que, com o pré-sal, a gigante pode ficar até quatro vezes maior. Se isso de fato acontecer, não será motivo de comemoração apenas para a empresa. Milhares de sócios brasileiros da Petrobras terão se beneficiado desse processo.

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