Em meio à crise política causada pelo maior blecaute elétrico da história do País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decide esta semana se dá continuidade ou não a um projeto do Ministério das Comunicações que promete inflamar ainda mais a oposição.

A proposta que o ministro Hélio Costa apresenta a Lula nos próximos dias prevê a distribuição gratuita de aparelhos celulares aos mais de 11 milhões de famílias brasileiras que são beneficiadas pelo Bolsa Família, o programa social que se tornou o carrochefe do governo no combate à pobreza e responsável em boa parte pelos altos índices de aprovação do presidente.

A iniciativa prevê ainda que cada um dos beneficiados receba um crédito mensal de R$ 7. Em contrapartida, as empresas de telefonia do País estariam isentas de pagar a taxa de contribuição para o Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), que rende anualmente algo próximo a R$ 2 bilhões.

img.jpg

A criação do que está sendo chamado de Bolsa Celular é de autoria do ministro Hélio Costa (PMDB-MG), pré-candidato ao governo de Minas Gerais e aliado, até o momento, da ministra da Casa Civil e pré-candidata governista à sucessão de Lula, Dilma Rousseff, na campanha presidencial de 2010. De acordo com Costa, a proposta foi das próprias empresas, que ganhariam com o aumento do tráfego gerado por 11 milhões de novas linhas.

“Este projeto é para universalizar as telecomunicações no Brasil, não há absolutamente nada eleitoral nele”, disse o ministro à ISTOÉ. De acordo com ele, se a oposição tentar impedir que a ideia se concretize, ela deverá se responsabilizar pelo fato de 11 milhões de pessoas ficarem sem telefone.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

“Se eles conseguirem na Justiça alguma medida para impedir o projeto, tudo bem, o faremos depois das eleições. Mas será uma pena toda essa gente ficar sem celular.”

 

PARA TODOS
A proposta prevê a distribuição de 11 milhões de celulares,

com crédito mensal de R$ 7

 

A oposição ainda não falou em paralisar o projeto. Mas já deu sinais claros de que pretende protestar pelo fato de a distribuição de aparelhos ocorrer a menos de um ano das eleições presidenciais. “Saiu mais uma grande ideia de caráter eleitoreiro”, disse o deputado  federal Júlio Smeghini (PSDB-SP). O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, Eduardo Gomes (PSDB-TO), foi mais longe: “Eles estão anunciando um projeto assistencialista em um setor que já está atendido. O celular já está universalizado”, disse.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias