08/09/2010 - 17:10
Passei boa parte da minha vida dizendo sim à maioria das oportunidades e desafios que tive.
Como consequência, posso dizer que tenho vivido uma vida plena. Viajei o mundo, tenho dois filhos maravilhosos, casei três vezes, criei e vendi três empresas e recentemente até fiz o Caminho de Santiago.
Mas nem tudo que fiz foi bom para mim ou deu certo. E por um bom tempo pensei que fosse por falta de aptidão ou até por culpa dos outros .
Porém, há pouco mais de um ano, quando fiz o Caminho, tive tempo para refletir sobre isso e cheguei a uma nova conclusão.
Em toda minha vida, tinha usado muito pouco uma palavra que poderia ter me ajudado a evitar pelo menos algumas das tropeçadas que tive: não.
Veja bem. Não me arrependo da vida que tive até agora. Mesmo com os tropeços, ela tem sido repleta de bons momentos.
Só que já fiz coisas sabendo, de forma intuitiva, que não eram a melhor escolha. Para evitar discussões ou desagradar as pessoas ao meu redor, aceitei certas situações que não deveria.
Depois de refletir muito, comecei a praticar a arte do não. Para que entenda do que estou falando, vou compartilhar algumas das mudanças que fiz.
Dizendo não para o e-mail – Tudo começou pelo correio eletrônico. Através de algumas técnicas, que compartilharei na semana que vem, reduzi em 40% o tempo que gasto.
A arte do não para o telefone – É normal atendermos nosso celular quando ele toca. Porém em grande parte das vezes as ligações são sobre coisas que podem ser passadas via e-mail ou por um recado na sua caixa postal. Por isso, tenho horários específicos para receber ligações. Além disso, não entendo números desconhecidos ou não identificados.
Nas reuniões – No meu ver, reuniões são válidas somente em dois contextos: para apresentação de novos projetos (que demandam uma interatividade e acesso ao palestrante) ou para tomada de decisões complexas. Para o resto, existem centenas de ferramentas gratuitas online que ajudam o andamento de projetos sem ter que colocar todos em uma sala ao mesmo tempo.
“Oportunidades únicas” – São raros os meses em que não aparece alguém querendo apresentar uma “oportunidade única”. Minha vontade de querer participar e ajudar já me colocou em situações bem difíceis. Hoje tenho uma regra clara: um projeto de cada vez . Enquanto o projeto no qual estiver trabalhando não estiver muito bem encaminhado, nem olho para outras oportunidades.
Amigos e familiares – Essa é provavelmente a mais difícil de todas. É preciso usar muito jeito para buscar um caminho que seja justo com as pessoas que importam, mas ao mesmo tempo seja bom para você. Afinal, de nada adianta ajudar os outros se você não estiver bem consigo mesmo.
Dizer não nunca é fácil. Mas lembre-se de que, se não criar seus limites, existe uma enorme chance que outros os criarão para você.
Comece hoje a praticar a arte do não com pequenas coisas e em breve verá que é mais fácil e gratificante do que imagina.
Com isso, poderá liberar seu tempo e, mais importante, viver melhor. Porque a gente só leva desta vida, a vida que a gente leva.