O editor da jornalista russa Anna Politkovskaya, assassinada há 15 anos, denunciou nesta quinta-feira (7) a prescrição penal do crime, o que livra seus responsáveis.

Crítica feroz do Kremlin, especialmente por sua sangrenta guerra na Chechênia, esta jornalista investigativa do Novaya Gazeta foi assassinada na entrada de casa em 7 de outubro de 2006, mesmo dia do aniversário do presidente Vladimir Putin.

O crime gerou uma onda de indignação na Rússia e em todo mundo. No momento, apenas os autores materiais do homicídio foram condenados.

“Nesta quinta-feira, os artífices escaparam oficialmente da responsabilidade penal”, lamentou o Novaya Gazeta.

Agora, o jornal pedirá aos tribunais “a reabertura da investigação sobre o assassinato de Politkovskaya até que o nome da pessoa que deu a ordem seja revelado”.

O veículo de comunicação organizou várias cerimônias em sua homenagem, na tarde desta quinta-feira, em sua sede.

Esta celebração à memória de Anna acontece em um contexto de pressão cada vez maior contra a imprensa independente, a oposição e as ONGs críticas ao Kremlin, desde a prisão de Alexei Navalny, principal crítico de Vladimir Putin.

Em 2014, cinco homens foram considerados culpados de terem organizado, executado, ou participado, do assassinato de Politkovskaya. Foram condenados a longas penas de prisão.

O checheno Lom-Ali Gaitukayev, organizador logístico do crime, morreu em 2017 na prisão.

Em 2018, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) condenou a Rússia por não ter “implementado medidas de investigação apropriadas para identificar os mentores do assassinato”.

Criado em 1993, o Novaya Gazeta costuma ser alvo de ataques, intimidações e assassinatos de seus jornalistas.

Assim como Politkovskaya, o jornal foi violentamente criticado pelo homem forte da Chechênia, Ramzan Kadyrov. Muitos de seus adversários foram assassinados.