A Agência Mundial Antidoping publicou nesta quinta-feira um relatório produzido por observadores independentes que tece duríssimas críticas ao governo brasileiro e ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 com relação à estrutura oferecida para o controle antidoping. Os observadores chegam a concluir que “foi só graças ao enorme esforço e à enorme boa-vontade de algumas pessoas chaves no trabalho do controle de doping nos Jogos que o processo não quebrou completamente”

Para os observadores da Wada, a logística proporcionada pelo Rio-2106 para a colheita de exames nas instalações olímpicas sofreu com diversos sérios fracassos, por diversas razões, “alguns com relação com o Rio-2016 e outros não”.

A lista dessas razões inclui cortes operacionais e de recursos que já estavam previamente alocados e recomendações que não foram implementadas. Também cita as “tensões” entre o comitê e a Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), o que causou que os recursos da ABCD não foram “minimamente envolvidos” nos Jogos.

Pouco antes da Olimpíada, a troca de comando no Ministério do Esporte causou também uma mudança na presidência da ABCD, com a saída de Marco Aurélio Klein, que estava no processo desde o início, para a chegada do ex-judoca Aurélio Miguel, que não tinha nenhuma experiência na área.

Mas a mudança que mais desagradou a Wada foi na gestão do controle antidoping dentro do próprio comitê. “Havia uma falta de coordenação e unificação entre o time gestor do departamento antidoping do Rio-2016 durante os Jogos em si”, reclamou a Wada. No documento, os observadores reclamam também que houve uma quebra na transferência de conhecimento dos Jogos anteriores (de Londres) para o Rio “e/ou” no efetivo uso desse conhecimento.

Após citar uma série de problemas na gestão logística do controle antidoping, os observadores dizem que tais questões “eram previsíveis e perfeitamente evitáveis, o que torna sua ocorrência ainda mais decepcionante”.

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Em outro trecho do relatório, a Wada lembra que a força de trabalho da agência fez “diversas recomendações” para assegurar a integração da ABCD no programa antidoping do Rio-2016 e que o Rio-2016 parecia relutante em usar mais os oficiais de controle da ABCD. “Essa foi uma oportunidade perdida para um legado em perspectiva no Brasil. É desapontador que o Rio-2016 não tenha encontrado um jeito de melhorar o envolvimento da ABCD com os Jogos.


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